terça-feira, 30 de janeiro de 2024

= ! = CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA


 

A solidão ronda...
O silêncio oprime...
As horas passam...
Nada acontece...
O tempo escoa...
A chuva cai...
O dia vai...
A noite vem...
O mesmo é sempre...
O sentido é nenhum...
O coração dói..
A prece é muda...
Tudo que foi feito é nada...
As lembranças se apagam...
Os libertos são cativos...
Tudo igual, igual, igual...
Ouçamos...
Ouçamos o nada...

J. R. M. Garcia

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

ABSOLVO-ME - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA

       Hoje é meu aniversário. Faço muitos e muitos anos.
      Será que se eu fosse diferente do que sou, chegaria vivo até aqui?
      Melhor dizendo.
      Se eu fosse redondinho, certinho, um inglês cheio de bom senso, dentro dos trinques, enfrentando a tempo e hora todos meus deveres, com horário certo para dormir, para levantar, cumprindo exatamente todas obrigações regulares, sem nunca errar, sem insônias malditas, tomando refeições nos horários certos, nunca transgredindo eventuais normas e regras, sem ousar “jogadas” no escuro, sem perder, sem ganhar, sem tomar resmas de comprimidos para dormir, para acordar, uma pessoa exemplar e enjoadinha   etc., como estaria agora?
      Ao contrário, fiz muito do que não devia. Fui expulso de dois colégios. Envolvi-me nesta porcaria de golpe de estado de 1964. Fui submetido a inquérito policial militar. Processado civil e criminalmente na Justiça comum.  Tive várias sindicâncias pela OAB. Fui atirado duas vezes em tentativa de furto. Sofri dois infartos. Tive comas induzidas por desastres de trânsito. Sofri. Trabalhei um bocado. Distribui ações judiciais por todo este país.  De meus clientes nunca tive uma única queixa, graças a Deus.
Mas, e se nada disso tivesse acontecido?
    A verdade é que sempre reagi a este ambiente sonolento, paradoxalmente violentíssimo que é esta pátria amada, onde roubam, assassinam 50.000 por ano, exploram, sacaneiam, assaltam, violentam, humilham e o governo, indiferente em todas suas manifestações, explora os viventes desde a hora que nascem até que morrem.
Nunca compactuei com este meio. Desde libertar macacos dependurados em postes até reagir a injustiças gritantes, foi o que fiz. Sempre temi e reagi a este processo de morrer em silêncio.
Se de todo não me absolvo, também de todo não me condeno.
Vivi da maneira que consegui.
Muito agradeço a Deus e Nossa Senhora Aparecida, e aos bons amigos. Dos maus amigos já esqueci.  

J. R. M. GARCIA

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

QUEM ELE É ? - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA

MULHER FELIZ. 

Amiga.
Não o demonize. QUEIRA-o bem.
Não o imite, mas queira-o bem.
Não o ouça e nem acompanhe, em seus procedimentos. Mas queira-o bem.
Não o veja como exemplo. Mas queira-o bem.
Limite sua raiva e seu rancor, pois isso somente fará mal a você. Queira-o  bem.
Perdoe-o no que possa ser perdoado, isso fará bem a você. Queira-o bem.
Não o maltrate, pois terá remorsos. Queira-o bem.
Ele viveu o que podia ser vivido. Queira-o bem.
Não galhofe dele. Queira- o bem.
Compreenda sua insegurança, queira-o bem.
Sabe por quê ?

HOMEM MUITO SOLITÁRIO 

Porque ele talvez nem sabe o quê é ?
Quem sabe ele sente medo de você ?
Quem sabe nem ele gosta do que é ?
Quem sabe ele, fugindo de si, comete muitos erros e maltrate a si próprio ?
Talvez ele nunca soube exercer a paternidade e sofre com isso ?
`Pode ser que sentindo feliz, sem saber orar, exista alguém que possa ter exercício de paternidade cuidando de você ?
Onde ele está ?
Não sabemos. 
 
Um abração.  
J. R. M. Garcia.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

QUAL O MEU LUGAR ? - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA


Este Blog é, também, de memórias. Como sou muito velho, posso, aqui, recordá-las com a permissão dos leitores, não é mesmo ?

Em sendo assim, recordo-me.

Por volta do segundo semestre de 2.009 “decretei” férias definitivas para mim. Pensei: “Não trabalharei mais.” Isso após uma vida de 45 anos de serviços bastante intensos em atividades variadas e acumuladas: advocacia por estes “brasilzão” de Deus, atividades político-administrativas e zelando por duas propriedades rurais que possuía. Entreguei tudo ao filho.

Nossa !

Somente experimentei alegria maior quando, no internato, via-me livre das obrigações rotineiras e viajava para casa de meus pais. Lá não tinha horários, ficava entregue aos folguedos, viagem à fazenda na companhia do pai, serestas à noite, bebedeiras e, enfim, lá “era amigo do Rei.”

Fui para Bertioga curtir o que supunha seriam as férias como antigamente. Livre. Inteiramente livre.

Lá adorava uma certa senhora, cuja residência era em uma cidade próxima. Sempre que podíamos nos víamos.

Os dias corriam céleres. Fazia longas caminhadas na praia. Fiz amigos entre os pescadores e, com eles, saía à noite para jogar redes de arrasto para, ao amanhecer, as recolhermos cheias de peixe. Tudo novo pelo que vivera até então. Gente nova, lugares novos, praias que não conhecia e, assim, fiquei quase que um ano ali. Não voltei para casa. Pensei que ia ser o novo nascer de uma vida.

Parecia feliz.

Dá-se que, com problemas burocráticos absolutamente insolúveis em Belo Horizonte, fui para lá no começo do ano de 2.010 e demorei demais envolvido nestas soluções. Só um milagre poderia resolver. E, de fato, o milagre houve e tudo foi resolvido.

Voltei a Bertioga pelo meio deste referido ano e, já tudo estava diferente. A senhora, tão amada, a outro se vinculara de forma bastante próxima e as praias perderam a graça, a lua já não mais tinha  beleza, o vendo não brincava com os cabelos de ninguém, o céu ficou escuro, as praias sem interesse e as pescarias de arrastão desapareceram de meu interesse e os novos amigos pareceram-me sem graça.

Fui para Montividéo, onde tinha conhecidos. Nada era como antes. Eles envelheceram e morreram e ali, meus interesses eram, agora, distrair-me. Tudo triste e monótono.

Fui para Santos. Nunca imaginei que Santos fosse uma cidade tão civilizada, amável e doce como parecia-me ser. São Vicente, Praia Grande tudo adorável. Tive muitos amigos e amigas no pouco tempo que habitei ali. Mas, afinal, tudo se desfez como um sonho cansativo.

Voltei a Ribeirão Preto. Aqui todos ocupados em uma vida em trânsito.

Qual o meu lugar ?

Mas este é o primeiro de meus últimos dias...


O Peregrino, há muitos anos quando ainda era jovem. 


 J.R.M. GARCIA

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

VELHO ANO NOVO (CRÔNICAS E CONTOS) -Garcia-

CRÔNICAS E CONTOS
 
VELHO ANO NOVO

É isso aí.
Um novo ano já nos aponta a sombra de seus dias futuros.
É quase inconcebível o que a Ciência brindou-nos nestes dois últimos séculos. Isso em todas as áreas. A Matemática com a descoberta do cálculo integral e milhões de apontamentos. A Física, com seus montões de aspectos deparados, identificando o átomo e suas muitas outras partículas ainda menores, a explicitação de que somos todo o universo feitos de corpos em densas nuvens de energia organizada. A Química, adentrando ao âmago de todos metais, ligas que possibilitaram nossos enormes navios e aviões satélites e foguetes. A Astronomia, verificando que vivemos em uma pequena galáxia mas que milhares de outras existem, as distâncias interestelares dos corpos celestes, os buracos negros, o cerne do universo enfim. A Biologia, erradicando a maioria das doenças que foram o flagelo da espécie desde que aqui a raça humana surgiu.
A História destes últimos anos apenas recorda como lembrança o que tudo existiu aqui anteriormente.
Hoje o planeta é outro.
Mas a única e mais importante das evoluções continua arcaica e intocada.
Estamos às portas de um novo mundo, o qual já nos permite a colonização de outros planetas. Porém, nossas instituições administrativas continuam as mesmas, tão antigas como as da Grécia e de Roma ancestral.
Por quê isso?
Bancos? Assembleias legislativas? Câmaras e mais câmaras municipais, estaduais e federais? Bolsas de valores? Moeda como expressão de valores? Guerras para todo lado, todas financiadas por este arcaísmo? Lucro como definição de resultados? O conceito de pobres e ricos, expresso na quantidade de bens e rendas possuídos?
Todas e muitas outras instituições converte nosso comportamento anímico como se fôssemos trogloditas, em épocas anteriores, ao que agora chamamos civilização.
Todo um progresso demonstrado pela evolução científica, anulado na gestão de nossa educação cívica, moral e ética.
Nada de novo em nosso sentir.
O conceito de errado e correto nada mudou.
Perdura a mesma inveja, ingratidão, ganância, fama, ostentação que chega a ser acintosa ao nosso semelhante, tudo em uma mesmice já ultrapassada, mas fincada em nosso espírito como se fôssemos crianças a brincar com 20.000 bombas atômicas bem maiores que as de Hiroshima.
Se não tivermos uma evolução em nossos sentidos e sentires, nada nos possibilitará de novo, pois tudo isso se encontra alojado em nós como uma praga invencível.
Apesar de tudo um Ano Novo com muita fé, alegria, amor e caridade expressa em nossas almas e em nosso sentir, com o mesmo afinco que as ciências de nossa razão olhem por nós com novos olhos.
Deus nos abençoe a todos.
J. R. M. Garcia.  

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

MINHAS ATITUDES EVOLUTIVAS - GARCIA

Charles Darwin

MINHAS ATITUDES EVOLUTIVAS  

Por óbvio, ainda não cheguei ao fim da vida.

Isso deixa-me alguma experiência pessoal.

Não sei em relação aos outros, mas tenho de mim para comigo que, ano a ano, dia a dia, vejo-me em constante rápida mutação.

Intelectualmente por exemplo, noto que alterei sobre muitas perspectivas, pontos de vista, formas de encarar os acontecimentos e ocorrências aleatórias.

Emocionalmente nem se diga. Aquilo que antes causava-me mágoa, tristeza, coração partido, alegria, felicidade vejo agora sob ótica diferente. Quanto não entendo nem tento explicar.

A vaidade diminuiu muito. A busca de consumir quase  desapareceu. A reflexão aumentou. As preocupações limitaram-se à possibilidade de agir.

Os planos mirabolantes e os ideais diminuíram no tempo. Ou melhor, pela falta de tempo.

Os remorsos daquilo que não fiz e deveria ter feito, simplesmente é notado apenas como lembranças fugidias de épocas idas.

A ambição é como se tivesse morrido.

A busca de acomodação em todos os frontes de luta, é uma verdade que não consigo fugir.

Tudo isso, porém, sem a busca de nenhum condicionamento. Apenas vai acontecendo ao longo da escada que desce rumo a não existência.

Ruim isso?

Não. Parece que apenas vou libertando-me de tudo que possa ser dispensável a esta minha última jornada. Darwin, talvez, explicaria esse caminhar de alterações rumo a novos rumos. Vou, aos poucos, esquecendo e despedindo do desnecessário por não ter mais razão de ser.

Entendo que este sentir seja uma percepção normal do ser humano, tal qual os animais em seus últimos passos. 

     Abraços.

     J. M. R. Garcia.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

ENORME PASSEATA NO RIO E EM SÃO PAULO

 ESTA  TOLERÂNCIA   É   BASTANTE    DEMOCRÁTICA


        Marque este dia, meu amigo(a).
       Decore a data:17 de Junho de 2013.
       Este dia continuará na memória da Nação.
       Quando este dia terminará ?
       Isso é difícil saber.
       Há datas, momentos, instantes, horas e dias que nunca terminam.
       E, este ainda não terminou.
       Por quê ?

ENORME   MANIFESTAÇÃO  EM  SÃO  PAULO

ENORME  PASSEATA NO  RIO DE JANEIRO

       Porque nada foi resolvido. Nada terminou. Nada ficou decidido. Aliás, todos estão perplexos. A nação está assustada.
    Na verdade os que realizaram estas passeatas, nem sabem exatamente o que querem. Talvez saibam que uma verdade deve existir além e que, no seu subconsciente, intui o que é.
       A primeira vista salta aos olhos o quê se deseja dos poderes públicos.  Políticas mais transparentes, menos ladroagem na atividade política, menos furtos, mais segurança para a população, melhores transportes, mais empregos, melhor assistência médica e, vai daí, muitas outras reivindicações.
       Talvez isso tudo se simplifique em uma única resposta: um comportamento ético e maior civilidade entre todos nós. Mas todos. Não de uns poucos.
       Decore este dia meu amigo(a).
       E, sabe por quê ?
     Porque ele demorará muitos dias, anos e anos até ele terminar. Essa é apenas uma semente.
       Esperemos.
       Um abraço a todos.
        J. R. M. Garcia.