CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)
A FORÇA DA INÉRCIA
Pedidos de inquérito, denúncias, foragidos e
investigados são, até o momento que este “blogueiro” lhes fala, 75 requeridos e apresentados ao
STF. Entre eles há muitos que nenhum de nós sabe sequer qual são as autoridades
legislativas e administrativas que exercem, mas há outros conhecidos como o
Presidente da Assembleia Eduardo Cunha 2 denúncias, 6 outras em nome do Senador
Collor de Mello, a senadora Gleise Hoffmann, acusada de desvio de verba de um
milhão de reais.
Todos estes pedidos, em número de 75 encontram-se parados.
Foram requeridos e apresentados pelo Procurador Geral de República, Rodrigo
Janot. Lá no STF, sem o acolhimento das denúncias, Cunha e
Collor não são réus, mas tão somente investigados. O suspense deixa em situação
política mais confortável ao presidente da Câmara, que nesse meio tempo acolheu
um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Roussef.
No caso de Cunha, os quatro meses
devem se tornar mais de cinco. Segundo a Folha de São Paulo, a decisão do STF
só deve ocorrer após o fim do recesso no judiciário, em fevereiro, pois o prazo
final para a "resposta prévia", concedida a Cunha pelo STF, vai
expirar no meio do recesso. Nesse caso, o prazo da defesa fica suspenso até o
fim do recesso.
Há muito tempo, quando eu advogava,
fiz enorme esforço no sentido de evitar que um determinado proprietário de
terras lesasse o cunhado. Quando a sentença, após ingentes esforços estava
próxima, meu cliente me procura dizendo que o acordo proposto pela parte
contrária era bom, vantajoso e que ele estava cansado da demanda. Implorei,
tentei de tudo para convencê-lo de que o acordo era péssimo e estava próximo a
sentença. Ele, ao final, invocando questões de laços familiares, desprezou meus
esforços, meu trabalho e fez o acordo com grande prejuízo moral e material seu.
Nunca me disse “muito obrigado”. Ainda outro dia deram uma festa entre réu e
vítima, sem sequer convidar-me. Tornei-me inimigo involuntário dos dois.
Assim é o Brasil.
Não é Moro, nem Janot, nem Joaquim
Barbosa que deseja a absolvição dos indiciados, somos nós que temos a índole
plástica, destinada a aceitar a forma da vasilha conforme nela é deitado o
caldo. Você se torna algoz e os que causam o dano são coitadinhas vítimas.
Isso nauseia qualquer alma menos
preparada.
Esta é a força da inércia.
Um
bom dia.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>