sexta-feira, 22 de abril de 2016

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = IGREJINHA AZUL =

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)

IGREJINHA AZUL 



Da janela de meu apartamento, que é uma torre, vejo os limites da cidade e bem além, as serranias que a cercam. É pequenino, mas a amplitude da visão larga, exceto para o lado norte.
Nesta vastidão, entre o pôr e o nascer do sol, vejo muito da cidade.
E aqui perto, logo fora do condomínio, vejo uma pequena igrejinha azul. Pequenina mesmo. As vezes há culto por lá. Outras não. Quando há algum cerimonial, o que é raro, ela encanta-se com luzes por todos os lados, inclusive o patiozinho  à sua frente  que fica cheio de fieis.
Logo sei da cerimônia, pois as vozes de um coral espargem pelo espaço adentrando ao longe por minha janela. Ponho-me de pé à distância, a ver o pessoal simples que lá se reúne. Sei que são simples, porque poucos são os veículos que param nas cercanias e a simplicidade dos carros.
Então, olhando na noite escura aquela manchinha azul iluminada, sei que há prece.  
As vezes em silêncio oro também. Outras sinto a alegria imanente daquela fé ardente, daquele punhado de pessoas enviando suas orações ao infinito longe dos grandes centros, das catedrais, das multidões.  
Não sei qual Deus poderão ouvi-las – tão poucos - mas sei de sua pobreza, de sua humildade, de suas dificuldades e temo com receio de que eles se percam e desfaçam nos dias terríveis que virão.
Que Deus esteja sempre entre eles e lhes conservem sempre a fé incandescente em seus corações.  
Um bom fim de semana para você, Igrejinha Azul.
J. R. M. Garcia.