segunda-feira, 5 de setembro de 2016

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)



CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)



CREIAM-ME OU NÃO

A verdade é que aqui perto das torres onde moro, tem um mercado. Cinquenta metros. Não mais. Seu tamanho não é grande, mas tem muitas variedades, guloseimas, três restaurantes, alguns cafés ótimos e, enfim, serve bem a freguesia a que se propõe. Maior seria exagero e menor o tornaria inútil.
Mas, como dizia: "creiam-me ou não..." nunca fui a este mercado somente para passear. Sempre apressado, afobado, ansioso para resolver isso e aquilo.
Hoje fui. Todos conhecem-me lá. Aliás, muitas vezes tomo refeições no local. E interessante que notaram meu ar despreocupado. Uns indagaram: “Passeando, professor?” (O porquê do professor talvez seja a idade que vai avançada.) E na verdade estava zanzando mesmo. Sentei nos bancos, tomei sorvete. Olhei detidamente a grande oferta de bens de consumo. Sobretudo produtos alimentares. Vi vitrinas pequeninas, bem arrumadinhas ao gosto artesanal e nelas notei que havia um colorido de amor. E ele existe. Quem duvidar que aqui venha e confira. Acho que estas pequenas vitrinas mudam de arrumação toda semana. Vou verificar.
E, afinal gostei.
E fiquei surpreso de, pela vez primeira na vida, fui a um estabelecimento apenas para olhar, pensar e imaginar.
Parabéns a todos lojistas do “MERCADÃO”, como o chamam. Que Deus segurem-lhes as mãos na crise que está por vir neste Brasil sem esperança.
J. R. M. Garcia.