- 76 ANOS DE BRASIL –
Londres bombardeada
Setenta e seis anos no Brasil.
Sinceramente nunca pensei
atingir esta idade com vida.Enfim ela chegou.
Na época que nasci tudo era diferente neste
mundão de Deus. Se hoje se disser que há
alguma semelhança com o mundo atual, tenho de contestar o querido leitor
dizendo-lhe que tudo é estranho agora, e que nada seria capaz de trazer-nos a esta comparação.
Voltando a 1941.
No
ano de 1941 a Segunda Guerra Mundial continua. Vou realçar alguns dos aspectos
que considero mais importantes para este ano.
Em Fevereiro, os alemães enviaram o Afrika
Korps, destacamento do exército alemão, para reforçar as tropas italianas
enfraquecidas.
No início de Março,
a Bulgária une-se ao Eixo. Também em Março os Estados Unidos fornecem
oficialmente material bélico aos aliados.
O Japão bombardeia a base naval norte-americana de
Pearl Harbor. Os Estados Unidos declaram guerra ao Japão, assim entram na
Segunda Guerra Mundial.
As
tropas japonesas desembarcam nas Filipinas, na Indochina Francesa (Vietna, Laos
e Camboja), e na colônia britânica de Singapura.
Por fim a Alemanha nazista e os seus parceiros do
Eixo declaram guerra aos Estados Unidos.
Não
existia TV, nem cinema, nem eletricidade. Os rádios, poucos, eram grandes
aparelhos com duas pilhas que captavam mal as ondas longas ou curtas. Telefonia
não existia onde nasci. Estradas todas de terra. As ruas da minha cidade não tinham
nem esgoto, nem eram calçadas, nem passeio. Não existia tratamento de água e
nem água encanada. Cisternas e fossas negras cuidavam do abastecimento. A água era
retirada do posso em forma de sarilho manual. A luz era de lamparinas
abastecidas em latas de querosene. Telha comum sem forro e a cobertura com as
naturais goteiras.
Que
mundo é este?
É
o que eu nasci. Nos fundões distantes de Minas Gerais.
São
lembranças toscas que narro aqui, fazendo um exercício de memória a estas
regiões escuras e vazias.
Um
mundo triste?
Acho
que sim. Não sei. Talvez não.
Todos
éramos pelo menos mais iguais.
Foi
um ano de virada, da entrada do mundo realmente em uma guerra mundial.
Um
mundo convulsionado em guerra, mas disso não se tinha naqueles fundões nem
notícias. No entretanto, ao findar a guerra todo este mundo atual, que se havia
gestado no período anterior, agora era apresentado à visão de todos.
E
tudo se transforma. As pessoas não sabíamos, mas todos nascíamos já prontos a
era atual.
Nada
de novo para quem tinha nascido ali naquela era de nossa evolução. Logo vem a
incidir sobre minha geração a monstruosa mutação de todos os tempos.
Para
onde vamos?
Não
sei. Apenas faço um exercício de comparação com o que hoje vivemos.
E
hoje chego aqui: um velhinho que assistiu a esta fabulosa mutação que
experimentamos.
É
isso meus amigos.
J.
R. M. Garcia.