Um amigo, gestor do hotel onde moro atualmente, colocou sob a
porta de meu apartamento, uma crônica muito bem escrita por Rosana Zaidan. O
título: “BIOLOGIA PURA”.
Texto firme.
Enxuto. Sério.
A cronista vê o
envelhecimento sob vários ângulos. Ela afirma que os velhos “...enxergam mal,
ouvem pior, andam com dores, trocam palavras...” e continua: “Uma ilha cercada
de saudade.” “A verdade biológica é resposta para a dúvida metafísica.” “A
velhice, portanto, é uma sonífera ilha.” “Um país da solidão.”
Ao final reconhece
que, a experiência que o velho eventualmente possua somente serve para ele
mesmo, pois “os mais jovens não a compreendem”.
Quanto a infância
assim se expressa: “...a infância é uma batalha perdida”.
Da juventude diz:
“Vem a juventude...É o país das ilusões.”
E, ao final, em um
laivo poético recomenda: “Os netos, colheita de luz, oásis seiva, recomeço,
milagre. A vida. De novo.”
Há verdade nas
impressões relatadas pela Autora. E muitas verdades.
Mas, incorrigível
cartesiano, pergunto:
Uái ! Se a infância é uma “batalha perdida”, a juventude “...é o
país das ilusões” e a velhice “um país da solidão”, por que, com os netos,
iniciar uma “colheita de luz, oásis de seiva..de novo”?
Uma proposta
paradoxal?
Talvez não.
Tenham uma ótima
semana e que Deus os proteja, sempre.
J. R. M. Garcia.