segunda-feira, 30 de novembro de 2015

- CRÔNICAS E CONTOS ( Borges e Garcia) = BRASIL DE CLEPTOCRATAS =

CRÔNICAS E CONTOS 



Cleptocracia, é um termo de origem grega, que significa, literalmente,“Estado governado por ladrões , cujo objectivo é o do roubo de capital financeiro de um país e do seu bem-comum.”
O termo é antigo, é clássico. Não é novo, pois. Já aconteceu na História repetidas vezes e continuará a acontecer.
Não que se queira aqui dizer que, agora, de repente, aconteceu uma crise em que todos poderes institucionais tornassem ladrões.
Não. Longe disse.
O que estamos a assistir e pode ainda piorar muito, é esta figura das instituições que cuidam apenas do roubo em grande escala, é uma tendência histórica que iniciou no Império e vem evoluindo de forma de forma desusada nas várias repúblicas e ditaduras aqui impostas.
Quando se diz que todo  político é ladrão, não é apenas referência aos políticos, mas a todas instiuições constituidas seja de que forma for. Do policial mais humilde, ao Ministro mais graduado, possuem todos uma tendência (eu chamaria doentia) para o furto. Essa piada de que Sarney roubou a aliança da própria parteira não é só uma piada que se aplica a ele. Renan também, Lobão, o Chefe dos Caras Pintadas, Lindenberg, aquele que liderou a queda de Color, é tão ladrão como todos que estão na lista do Petrolão, do Mensalão, do Mensalinho, do Lava Jato. Estão lá dosos juntos, menos Dilma, Lula e FHC. Estes, naturalmente, são poupados.
Provavelmente tudo isso não dará em nada. Tudo começará de novo. Não há como substituir. Somos iguais.
Enfim, quando retirarmos -se retirarmos-  estes cleptocratas, tudo iniciará de novo.   
Daqui há 10 anos, se tanto, será como Chico diz: “A mesma praça, o memo banco, o mesmo jardim...” Tudo igual. Essa História já tem 500 anos.
Dê-nos paciência, meu Deus.
Uma boa semana a todos. 

J. R. M. Garcia. 
<martinsegarcia@uol.com.br>

domingo, 29 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = HIPÓCRITAS - FALSOS - MAUS










Gente!
Vem cá. Senta pertinho de mim.
Vamos olhar juntos a televisão.
Está vendo quanta gente em reuniões sucessivas? Umas falando de trânsito, outras de clima, diversas de paz, mais uma de fome, de água e vai por aí.
São muitas por dia. Tem para todos os gostos.
E passeatas então? Nem sei quantas.  
Aí cumprimentam-se demoradamente na frente dos fotógrafos os supostos “chefes” não sei do quê e, às vezes, tudo em forma de uma concha viva, acercando-se em dezenas de fotografados e filmados como aquelas fotos de escola primária que a gente tanto gostava.
Sinto-me enojado. Bestificado. Tanto reúnem, gastam hospedagem, avião de primeira classe, refeições, banham-se e enfeitam-se como se fossem para uma peça teatral (e de fato) vão e, no final, nada resolvem.
Por quê nos submetem a isso?
Por que nos menosprezam deste modo?
É como insultar-nos a inteligência.
E na favela mais próxima ou no gueto vizinho, o “pau tá quebrando” no tóxico, nas exploração de menores, no flagelo destas mulheres escravizadas por este falsos e bandidos muçulmano. E eles ali tirando fotos, jantando boia boa e tirando um sarro na cara de todos nós.
Haja inferno para toda esta gente!
Hipócritas, falsos, maus e bandidos também.
Uma ótima semana, se conseguirem.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>



sábado, 28 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) =BLACK FRIDAY X MUJICA=



BLACK  FRIDAY       X        MUJICA 











Black Friday ou Sexta-Feira Negra  é um termo criado pelo varejo (retalho em português de Portugal), nos Estados Unidos para nomear a ação de vendas anual que acontece na sexta-feira após o feriado de Ação de Graças [2] , que é a 4°quinta-feira do mês de Novembro. A ideia vem sendo adotada por outros países como Canadá, Austrália, Reino Unido, Portugal, Paraguai e Brasil.A popularidade do evento é grande, sendo que os descontos oferecidos são considerados mais atrativos do que os natalinos por muitos consumidores.Uma das maiores reclamações dos consumidores é a maquiagem de preços, tática utilizada pelos e-commerces para vender mais sem ter que necessariamente diminuir os valores. Funciona da seguinte forma: O lojista sobe arbitrariamente o preço do produto dias ou uma semana antes do Black Friday. Dessa forma, no dia 28 de novembro, ele pode dar um desconto muito grande no produto, e o consumidor acreditará estar levando vantagem.

Este ano em um verdadeiro desvairo de compras, os EUA contabilizaram a faturamento de R$1,53 bilhão. A receita cresceu 57% na edição de 2015, surpreendendo a todos.

Enquanto lá nos EUA este frenesi acontecia, aqui em Florianópolis um cidadão pobre, simples, humilde até, Pablo Mojica, Pepe como é mais conhecido, ex-prisioneiro por década, ex-presidente do Uruguai, pediu a palavra em uma na noite de quinta, 26, quando 1.350 jovens lotaram o auditório da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, para assistir sua palestra na abertura da 11ª Conferência da Juventude sobre Mudanças Climáticas (COY11).
Vestindo jaqueta de couro marrom e calça de algodão, ele apareceu por detrás das cortinas. A plateia ficou em pé. Dois minutos de aplausos e gritos.
“As pessoas acham que compram coisas com dinheiro, mas não. Compram com a vida,  com o tempo que gastaram para ganhar o dinheiro. Muita vezes trabalhando em algo que não acreditam, apenas para comprar, comprar. E esse é um caminho sem volta ao desespero, por que as ofertas do mercado são infinitas e cada vez  que as pessoas adquirem algo, desejam mais, trocam de carro todo ano, se sentem orgulhasas por ter, então precisam trabalhar mais. Não percebem que o único milagre é a vida que desperdiçaram”
Continuou.
“Nossa vida deve ser maior. Devemos ter tempo para nos dedicar aquilo que nos atrai e não estou falando de prazer sensual, mas de luta libertária. Se aprendermos a viver com o necessário não sugaremos o sangue do planeta, nem iremos jogar fora nossos dias”.
 “Não sou austero, sou sóbrio. Não sou pobre, sou livre”. “O ser humano é o único animal que tropeça várias vezes na mesma pedra”.
“Todo vício é uma praga, exceto o amor”.
Em verdadeiro delírio 1.350 jovens choravam, aplaudiam desvairadamente suas palavras.
Duas figuras e duas filosofias diferentes: NOS EUA O Black Friday e no Uruguai, este pequenino país, a recomendação de que estamos bebendo o sangue do planeta.
Tenham um ótimo feriado.
Obrigado.
J. R. M. Garcia.




 




quinta-feira, 26 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)
=PECULIARIDADES DO URUGUAI=
e
mais de 600 crônicas para seu lazer e leitura
Distinções existem em todos países. Em um lugar há flores belíssimas, em outro idioma indizível, mais adiante neve impenetrável ou calor abrasivo. 
Mas no Uruguay começa já no nome. São três as grafias do nome. Uma com “y” e outra com “i”, ambas corretas e aceitas. Uma dos selvícolas e outra dos espanhóis. E uma terceira de espanhóis e charruas, cujo início do nome se grafa em “y”.
E ninguém está nem aí.
É um pais conservador. Muito. Até hoje a lei do duelo não foi revogada. Quem quiser usá-la para resolver rápido suas pendências, ela lá está em poucos artigos a definir modalidades. E é um país moderno demais.
 Estima-se que entre 88% e 94% da população possua ascendência principalmente europeia. Isso é muito raro em país colonizado.
O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul, sendo somente maior que o Suriname, o que caracteriza a adoção do inglês como segunda língua. Medida ainda não oficializada, mas visível na população.
Segundo a Transparência Internacional, o Uruguai é classificado como o país menos corrupto da América Latina. Fico pensando como brasileiros vivem lá...
Em qualidade de vida/desenvolvimento humano na América Latina é o primeiro, quando a desigualdade enquanto a miséria é enorme no resto do continente.
O país é conhecido por ser pioneiro em medidas relacionadas com direitos civis e democratização da sociedade. Em 1907, foi o primeiro país a legalizar o divórcio e, em 1932, o segundo país da América a conceder às mulheres o direito ao voto. Em 2007, foi o primeiro país sul-americano a legalizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo e a permitir a adoção homoparental. Em 2013, o país se tornou a segunda nação sul-americana a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o primeiro do mundo a legalizar o cultivo, a venda e o consumo de cannabis, o que levou “a revista britânica The Economist a classificar o Uruguai como o país do ano de 2013, pela promoção de "reformas inovadoras que não se limitam apenas a melhorar um país, mas que, se imitadas, poderiam beneficiar o mundo". Em novembro de 2007, o Uruguai se tornou o primeiro país latino-americano e o segundo de todas as Américas (depois do Canadá) a reconhecer  a união civil de pessoas do mesmo sexo em nível nacional. Estima-se que entre 88% e 94% da população possua ascendência principalmente europeia. Isso é muito raro em país colonizado.
O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul, sendo somente maior que o Suriname, o que caracteriza a adoção do inglês como segunda língua. Medida ainda não oficializada, mas visível na população.
Localizado inteiramente dentro de uma zona temperada, o Uruguai tem um clima que é relativamente ameno e bastante uniforme em todo o país. Outro fator chave para compreender o dinamismo da população uruguaia é a migração. A imigração europeia se radicou no Uruguai desde os finais do século XIX até meados dos anos 1960.
Não é sem motivo que na sua própria bandeira nasce um sol brilhante e sorridente entre faixas azuis como traços de nuvens. 
É um país feliz.
Parabéns Yuruguay.
J. R. M. Garcia. 
<martinsegarcia@uol.com.br>



segunda-feira, 23 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = CRÔNICA IRRITANTE =



CRÔNICA  IRRITANTE

Advogar é fácil.
Mas é um atropelo, às vezes.
Marcamos para ontem um encontro que dar-se-ia por volta das 20 horas. O horário seria bom para uma conversa, a qual deveria ocorrer entre as pessoas interessadas fora do expediente.
Indo para a cidade onde o assunto ia ser tratado, bateu uma chuva de vento tal, que embora a caminhonete (nosso veículo) fosse pesada, balançava na pista. Era perto. Uma cidade vizinha.
Lá chegando erramos a entrada da cidade. Uma, duas vezes sem encontrá-la.
Enfim achamos e, não encontrando a rua, procuramos bares abertos, pessoas na rua, farmácia, posto de gasolina. Nada. Em meio a aquela ventania e a chuva forte que começava, todos estavam abrigados. Número e nome da rua não tínhamos: perto de um posto, descendo, à esquerda, a última casa. Era isso só.
E como encontrar isso?
Impossível. Já passava das 21,30 horas e nada.
Eu, já encabulado com o motorista, que não anotara corretamente o dito endereço, estava bastante irrequieto.
Finalmente, entramos em uma rua bastante íngreme e estreita. Eu pedindo ao motorista que fosse a pé até lá, procurando uma referência qualquer, batendo palmas nas casas, procurando a dita casa escondida.
Não. Ele, teimoso, tocou viela abaixo. Eu vi que a iluminação não continuava, terminava logo adiante.
E ele gabando-se: “Esta caminhonete é 4x4. Não atola”.
Pronto.
Caiu em um atoleiro tendo adiante um córrego com apenas uma pinguela. Quase desabou no córrego.
Ele engatou marcha ré e, sendo a caminhonete 4X4, tentou sair, até que o piso do veículo acoplou-se,  definitivamente, no barro.
Saímos, a pé, na chuva, atolados no barro, e fomos até a casa do prefeito, pedir que ele nos tirasse daquela triste situação.
Depois de muita explicação, ele - desconfiado mais de mim de gravata envolto em barro - resolveu nos ajudar. Arrumou um trator.
Nessas alturas já me encontrava sem camisa e descalço.
Saímos arrastados ladeira acima, de ré, até o asfalto. Molhado e enlameados os dois.
E a reunião, já além das 24 horas de luta, ficou adiada para o dia de são nunca.
Advogar é isso também, sabia?
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>





domingo, 22 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = RESPOSTA A UM AMIGO =

RESPOSTA A UM AMIGO


QUANDO LEVANTO EM DIA DE CHUVA, ATMOSFERA PESADA, VEJO QUE OS PÁSSAROS, SOB RISCO DE VIDA, TÊM DE VOAR EM BUSCA DE SEU ALIMENTO E DE SEUS FILHOTES. OUÇO A CHUVA E PENSO NISSO. QUANDO VEJO OS BICHINHOS CORREREM UMA ATRÁS DO OUTRO A SI ALIMENTAREM, PENSO NAS ONÇAS, NOS LOBOS DESTE MUNDÃO TODO, TRABALHANDO SOB A CHUVA, A NEVE, ARRASTANDO CARCAÇAS PARA SE ALIMENTAREM E ALIMENTAREM SEUS FILHOS.

É ISSO QUE SINTO E NÃO A IDÉIA DE TRABALHO. A NATUREZA MADRASTA LEGOU-NOS ISSO. SOMOS CAÇADOS E CAÇA. TEMOS DE NOS PROTEGER PARA VIVER. NÃO HÁ OUTRO CAMINHO. E, SE NÃO MEDITARMOS MUITO, SOFREREMOS CONSEQUÊNCIAS DURAS, NÃO SÓ FÍSICAS COMO MORAIS. AS RELIGIÕES -DE TÃO BURRO QUE ALGUNS SÃO- APONTAM ESTA REALIDADE DO TRABALHO COMO CASTIGO E QUER COLOCÁ-LO COMO UMA PENA IMPOSTA POR  DEUS. NÃO. TALVEZ SEJA ESSA A ÚNICA MANEIRA QUE DEUS TIVESSE MEIOS PARA NOS OCUPAR-NOS NESTE PLANETA.

É TRISTE A IDEIA DE, NA CADEIA ALIMENTAR, - A QUAL JULGAM QUE O HOMEM OCUPA EM SUPERIORIDADE - OS ANIMAIS MAIS FORTES (SOBRETUDO OS CARNÍVOROS) TÊM UM PRAZO CERTO E FINALIZADOR PARA REPOREM SUAS ENERGIAS. AO CONTRÁRIO MORREM E NISSO ARRISCAM SUA VIDA, SUAS RESERVAS DE ENERGIAS, SEU DESESPERO. ELES NÃO POSSUEM BANCOS A FORNECER-LHES DINHEIRO. 

A VERDADE É QUE QUEM NÃO SERVE À SOCIEDADE APODRECE E MORRE FEDENDO ANTES DO FALECIMENTO.
É ISSO AÍ, MEU AMIGO.
ESTA É MINHA CONCEPÇÃO SOB A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO À COMUNIDADE.   
J. R. M. GARCIA.
<martinsegarcia@uol.com.br>

sábado, 21 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = INFLAÇÃO DESTRUIRÁ O GOVÊRNO =

INFLAÇÃO  DESTRUIRÁ GOVÊRNO

Indagam-me se vejo possibilidade de Dilma sofrer impeachment, se seria deposta por meios militares ou se cumprirá, arrastando-se de quatro, até o fim o mandato.
Não sou especialista em estratégia política e, tão pouco, militar. O que frequentei foi um simples curso da ESG, mesmo assim faltando muito. Não tinha, à época tempo. 
Não sei até que limite a sociedade brasileira resistirá esta quantidade absurda de arrastões, furtos, violência nas ruas, trombadinhas e trombadões, saidinhas de  banco, estupros em metrôs e até ônibus, e, vai por aí.
Até que ponto podemos, (moralmente nem digo!), suportar os 65.000 assassinatos registrados por ano.
A quantidade de furtos qualificados que desponta em todas nossas grandes empresas nacionais, é crível?
Políticos ladrões, juízes corruptos, ministros inoperantes, “pedaladas” de todo jeito.
Não sei.
Informo mais que, em 1964 não existia nem Dilma, nem Lula, nem Genoino, nem Zé Dirceu, nem esta “petezada” toda. Isso surgiu depois e nem sei de onde.
Sei, pela História, que as democracias não caem enquanto o tripé institucional que as sustentam estiverem satisfeitos, ou seja: o Judiciário, o Congresso e a Administração Pública na figura do Presidente.  E, ao que sei, todas estas três classes estão satisfeitíssimas em suas cancheiras de luxo. Alguns até surpresos. Não esperavam tanto.
Mas, por outro lado, também nunca vi falar  de qualquer revolta, sejam nos quarteis ou nas ruas, que surgisse com megafone anunciando que haverá um golpe de estado, ou uma revolução. Se assim fosse, “golpe” já não seria mais “golpe” e sim baque, coice, batida, empuxo. Quando explode é no silêncio da madrugada. Calados. Cingidos à sua disciplina.
Imaginar ao contrário, que o PT e caterva tente um golpe embasado na baderna que ele mesmo criou, isso seria inconcebível, vez que o Exército, por formação, não deixaria jamais acontecer. Isso foi o que Jango tentou e levou um contragolpe.
Para um golpe militar não creio que haja unidade nas 27 circunscrições do exército e, tão pouco, uma disposição comum. Os quarteis poderiam degladiar-se entre si e seria revolução. Não há possibilidade.  
Sei, também, que quando os fundos de pensão forem afetados e já estão sendo, não pagando mais aposentadoria, a polícia civil ficará descontente. Isso vai ficar muito feio, porque o dinheiro dos fundos de pensão entrou nas Bolças, levando grandes prejuízos para “pedalar” alta ficta de títulos sem fundo, como da Petrobras e bancos. Graça, por isso, está sendo processada nos EUA.
O mais provável será um impeachment, se houver.  
A inflação também destrói um governo.
Um bom fim de semana para todos vocês.
J. R. M. Garcia.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) "FIZERAM-ME UMA PERGUNTA"

FIZERAM-ME UMA PERGUNTA
Indagaram-me o que eu estava fazendo no dia 31 de março de l964.
Vou responder-lhes.
Estava entre estes tanques.
Eu era Presidente da Federação Universitária de Ribeirão Preto (FURP), eleito pelo voto dos universitários e ocupava uma cadeira no Conselho  DE Administração da Faculdade de Direito, por votação de colegas. Meu espaço físico era uma sala no Centro Acadêmico de Direito.
Quando estourou o golpe de estado. Hoje eu sei que talvez a única alternativa para um Brasil democrático fosse este golpe, com todas suas mazelas. Muitos líderes estudantis desapareceram das ruas e de toda militância. Isolaram-se ou passaram para fora das fronteiras do Brasil. Serra, por exemplo, (Presidente da UNE) fugiu para o Chile. Gabeira foi  parar na Rússia, não sei como. Esta mulher de nome Dilma nunca vi falar nela, nem Genoino, nem Zé Dirceu, nem Mercadante, nem nada.  Esta gente  - se existia - não pertencia ao movimento estudantil no qual eu estava engajado.
Fui detido na sede da 5ª Circunscrição de Serviço Militar (Ribeirão Preto). Constatado que eu não era um fujão podia dormir em casa, passando o dia na instituição. Longo, (Presidente do Centro Acadêmico de Direito), foi preso e transferido para a cadeia pública de Jardinópolis. Portinari, fugiu para a fazenda de um tio. João Cunha, fugiu não sei para onde sem avisar aos companheiros, que aliás até hoje não sei.
Várias prisões ocorreram pelo país. Tanques nas ruas da capital, cavalaria, corre-corre.
De quando em quando a gente ouvia notícias de mortes em confronto ou em fuga de alguns amigos.
Impactado por esta detenção deixei a militância, fui trabalhar em um escritório de advocacia local. Em seguida veio o namoro, casamento, aluguel, filhos e tudo se acabou.
Alguém gostaria de ouvir mais detalhes?
É só pedir e explico. Não dá para escrever um livro em uma crônica de Blog.
Um abração a todos amigos.
J. R. M. Garcia.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) "SOMOS DESENVERGONHADOS"

SOMOS     DESENVERGONHADOS


Ou seja: somos sem vergonha. Se não somos sem vergonha, somos hipócritas. Se não somos hipócritas, somos desumanos. Se não somos desumanos, somos burros demais.
Dilma, a presidenta, disse com a cara de pau que lhe é característica: "Devemos combater sem trégua os atos hediondos cometidos em Paris. Reitero minha solidariedade ao presidente Hollande e ao povo francês".
Imagine: 56.000 mil mortos assassinados, em fila pela Av. Paulista ou pela praia de Copacabana, em um cortejo fúnebre.
Será qual seria o tamanho deste desfile? Quantos quilômetros atingiriam?
Ou que todos dias enterrássemos 153 mortos vítimas de assassinatos cometidos no país.
Pois é isso aí!
É esse o número de assassinatos praticados por ano no Brasil, uma média de 153 por dia.
E, no entretanto, ficamos com cara de atônitos quando em Paris ou nos EUA são mortos em um atentado, pouco mais de uma centena ou pouco menos.
Já imaginou todos os dias uma fila de 153 caixões seguindo pela praia de Copacabana? E estes são nossos mortos, nossos irmãos.
“Combater sem trégua” disse ela. Dilma deveria fazê-lo aqui, no quintal de sua casa, na porta de seu Palácio. Combater aqui este horror e não “os fatos hediondos” que aconteceram lá na França, uma nação que não sofre o quê já sofremos todos os dias.
Alexandre Magno morreu no Egito. Seu corpo embalsamado passou por todos países de seu Império para que dele não esquecessem.
Bem que aqui seria válido embalsamar 56.000 assassinados, lacrá-los em caixões próprios e desfilar pelas principais cidades da nação, o cortejo para que todos vissem, sentissem e talvez nos trouxessem um pouco de cor nas faces.
Falando, escrevendo não somos capazes de mostrar esta tragédia.
Somos todos uns cretinos. Inclusive eu.
Perdoem-me o desabafo. Não aguento mais.
Que Deus nos guarde dos bandidos de colarinhos brancos e dos vestidos de seda.
Fiquem com Deus.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>