sábado, 13 de agosto de 2016

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) "ESTAREMOS NA MERDA"

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)



NOSSAS ESTRADAS

Isso é uma analogia.
Meu pai foi caminhoneiro por muitos anos. Passou fome nestas longas viagens. Sofreu muito nos atoleiros sem fim. Não existia nem telefonia tão pouco qualquer tipo de auxilio. Desmontava um caminhão e sabia montá-lo.
Era numa pessoa sensível e provavelmente inteligente. Nas chuvas, por estes fundões de Deus, guiava molhado e enlameado inteiramente. Dormia por exaustão quando o corpo parava.
Seu auxiliar -ajudante- de muitos tempos foi um negro de alma tão pura que chamá-lo de branco seria ofendê-lo. Chamava Maromba. 
Um dia vi meu pai, exausto, dizer para Maromba:
--Não dá mais, meu amigo. Ou paramos aqui e deixamos a chuva cair até Deus mandar, ou vamos procurar dez juntas de bois. Se tentarmos mais com estivas este motor funde. Daí estaremos na merda.
--Tá certo. Vou entrar neste mato e "caçar" uma fazenda que tenha bois de carro. Fique tranquilo que eu acho.
Analogicamente é o que se dá com o Brasil.
E aí está. É uma verdade que Temer não entendeu e nunca entenderá, apesar de sua boa vontade.
Doze milhões de desempregados. Falências ocorrendo aos milhares. Dívidas de milhares de municípios adiada até o ano que vem e prorrogação destes débitos por mais vinte anos. Sessenta e cinco milhões de assassinatos por ano. Centenas de favelas impacientáveis. Serviço de saúde onde mais precisa, nulos. Aumento de salários, que ele concedeu ao Congresso, ao Judiciário e aos administradores acima da inflação, para conseguir que aprovassem as medidas para governar. Ao invés do "bolsa família" ele comprou por cima, nas altas cortes, sua presidência. 
E aqui sem falar dos bilhões da dívida externa pública e privada, sustentada por juros maior do mundo em uma moeda que ninguém quer guardar.
Enfim tudo aos milhões e bilhões.
Quanto ao governo que será jogado para fora também são canalhas e merecem isso. Mas não podia ter custado um preço tão alto. 
A falta de patriotismo é universal no Brasil.
Logo, o velho Garcia tem razão:"...ou espera a chuvarada passar ou procuramos dez juntas de bois...""Se tentarmos mais com estivas este motor funde. Daí estaremos na merda."
Pois é !
O inevitável é que "...estaremos na merda."