quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

VELHO ANO NOVO (CRÔNICAS E CONTOS) -Garcia-

CRÔNICAS E CONTOS
 
VELHO ANO NOVO

É isso aí.
Um novo ano já nos aponta a sombra de seus dias futuros.
É quase inconcebível o que a Ciência brindou-nos nestes dois últimos séculos. Isso em todas as áreas. A Matemática com a descoberta do cálculo integral e milhões de apontamentos. A Física, com seus montões de aspectos deparados, identificando o átomo e suas muitas outras partículas ainda menores, a explicitação de que somos todo o universo feitos de corpos em densas nuvens de energia organizada. A Química, adentrando ao âmago de todos metais, ligas que possibilitaram nossos enormes navios e aviões satélites e foguetes. A Astronomia, verificando que vivemos em uma pequena galáxia mas que milhares de outras existem, as distâncias interestelares dos corpos celestes, os buracos negros, o cerne do universo enfim. A Biologia, erradicando a maioria das doenças que foram o flagelo da espécie desde que aqui a raça humana surgiu.
A História destes últimos anos apenas recorda como lembrança o que tudo existiu aqui anteriormente.
Hoje o planeta é outro.
Mas a única e mais importante das evoluções continua arcaica e intocada.
Estamos às portas de um novo mundo, o qual já nos permite a colonização de outros planetas. Porém, nossas instituições administrativas continuam as mesmas, tão antigas como as da Grécia e de Roma ancestral.
Por quê isso?
Bancos? Assembleias legislativas? Câmaras e mais câmaras municipais, estaduais e federais? Bolsas de valores? Moeda como expressão de valores? Guerras para todo lado, todas financiadas por este arcaísmo? Lucro como definição de resultados? O conceito de pobres e ricos, expresso na quantidade de bens e rendas possuídos?
Todas e muitas outras instituições converte nosso comportamento anímico como se fôssemos trogloditas, em épocas anteriores, ao que agora chamamos civilização.
Todo um progresso demonstrado pela evolução científica, anulado na gestão de nossa educação cívica, moral e ética.
Nada de novo em nosso sentir.
O conceito de errado e correto nada mudou.
Perdura a mesma inveja, ingratidão, ganância, fama, ostentação que chega a ser acintosa ao nosso semelhante, tudo em uma mesmice já ultrapassada, mas fincada em nosso espírito como se fôssemos crianças a brincar com 20.000 bombas atômicas bem maiores que as de Hiroshima.
Se não tivermos uma evolução em nossos sentidos e sentires, nada nos possibilitará de novo, pois tudo isso se encontra alojado em nós como uma praga invencível.
Apesar de tudo um Ano Novo com muita fé, alegria, amor e caridade expressa em nossas almas e em nosso sentir, com o mesmo afinco que as ciências de nossa razão olhem por nós com novos olhos.
Deus nos abençoe a todos.
J. R. M. Garcia.