CRÔNICAS E CONTOS
VELHO ANO NOVO
É
isso aí.
Um
novo ano já nos aponta a sombra de seus dias futuros.
É
quase inconcebível o que a Ciência brindou-nos nestes dois últimos séculos. Isso
em todas as áreas. A Matemática com a descoberta do cálculo integral e milhões
de apontamentos. A Física, com seus montões de aspectos deparados,
identificando o átomo e suas muitas outras partículas ainda menores, a explicitação
de que somos todo o universo feitos de corpos em densas nuvens de energia organizada.
A Química, adentrando ao âmago de todos metais, ligas que possibilitaram nossos
enormes navios e aviões satélites e foguetes. A Astronomia, verificando que
vivemos em uma pequena galáxia mas que milhares de outras existem, as
distâncias interestelares dos corpos celestes, os buracos negros, o cerne do
universo enfim. A Biologia, erradicando a maioria das doenças que foram o
flagelo da espécie desde que aqui a raça humana surgiu.
A
História destes últimos anos apenas recorda como lembrança o que tudo existiu
aqui anteriormente.
Hoje
o planeta é outro.
Mas
a única e mais importante das evoluções continua arcaica e intocada.
Estamos
às portas de um novo mundo, o qual já nos permite a colonização de outros
planetas. Porém, nossas instituições administrativas continuam as mesmas, tão
antigas como as da Grécia e de Roma ancestral.
Por
quê isso?
Bancos?
Assembleias legislativas? Câmaras e mais câmaras municipais, estaduais e
federais? Bolsas de valores? Moeda como expressão de valores? Guerras para todo
lado, todas financiadas por este arcaísmo? Lucro como definição de resultados?
O conceito de pobres e ricos, expresso na quantidade de bens e rendas possuídos?
Todas
e muitas outras instituições converte nosso comportamento anímico como se fôssemos trogloditas, em épocas anteriores, ao que agora chamamos civilização.
Todo
um progresso demonstrado pela evolução científica, anulado na gestão de nossa
educação cívica, moral e ética.
Nada
de novo em nosso sentir.
O
conceito de errado e correto nada mudou.
Perdura
a mesma inveja, ingratidão, ganância, fama, ostentação que chega a ser acintosa
ao nosso semelhante, tudo em uma mesmice já ultrapassada, mas fincada em nosso
espírito como se fôssemos crianças a brincar com 20.000 bombas atômicas bem
maiores que as de Hiroshima.
Se
não tivermos uma evolução em nossos sentidos e sentires, nada nos possibilitará
de novo, pois tudo isso se encontra alojado em nós como uma praga invencível.
Apesar
de tudo um Ano Novo com muita fé, alegria, amor e caridade expressa em nossas
almas e em nosso sentir, com o mesmo afinco que as ciências de nossa razão olhem
por nós com novos olhos.
Deus
nos abençoe a todos.
J.
R. M. Garcia.