sábado, 29 de abril de 2017

POLITICAMENTE CORRETO (CRÔNICAS E CONTOS) -Borges e Garcia-

POLITICAMENTE   CORRETO (CRÔNICAS E CONTOS) -Borges e Garcia-

POLITICAMENTE  CORRETO

       Vejo que a massa da civilização, vai aos poucos tornando-se inteira e politicamente correto. A todos aplicamos ritual social completo em plano primeiro e, em segundo, fé absoluta nos primeiros. Assim, ao fazer uma petição para o Tribunal, tomo a cautela de referir-me aos gentis cavalheiros juízes como “Colendo Tribunal”, ínclito juiz, excelências, data vênia, permita-me uma sugestão, suplicante, meritíssimo etc. Obrigam-nos a uma atitude protocolar correta sob pena do indeferimento  das medidas propostas.
Mas até aí seria apensa uma espécie de linguagem eminentemente jurídica, com ceceios impertinentes ou pertinentes, se posso falar assim. O mais grave é que, este hábito de injustificável frouxidão, generaliza-se pela sociedade. Com maior ou menores consequências. Quando digo “cego”, estou usando uma metáfora. Apenas uma pequena escala para fazer-me visível.
O “cego” é muito feliz dentro de sua falta de visão, digamos assim. Ele quase nada vê. Até pode perceber, mas por medo ou covardia, ou por descaso, ou conveniência  faz que não vê. E vai tocando a vida de qualquer jeito dentro de seus tropeços com aqueles que veem ou imaginam que enxergam.
Surdo, por conveniência, também vive mais ou menos dentro deste panorama. “Fazer-se de surdo” é uma expressão comuníssima. Fulano faz que “não vê”, é como dizem. Ou uma expressão mais ao gosto clássico: “Fulano faz ouvidos de mercador...” Ou chula: “Esse merda é cego como um côrno...”
Outra coisinha bem safada é aquilo de dizer que “não julga ninguém”. Seria como dizer ao companheiro que vai de metrô: “  Você amigo, está esmagando meu pé sobre o seu desde o largo da Batata. Não quero julgá-lo, mas é que não suporto a dor que estou sofrendo.” Os politicamente incorretos são brutos e julgam sim: “Ô cidadão ! Que merda é essa ? Você vem desde o largo da Batata em cima de meu pé não dá nem a mínima?” E dá um puta empurrão no cara que ele sai meio que caindo de cima do pé dele e quase rola no piso do metrô. Esse é um “julgador”, um pecador confesso. Um bruto. Mal educado. Detesto este tipo de gente!
O “mudo” é outro. Ouve o maior absurdo sobre seu amigo, semelhante ou o que lá seja e você olha pare ele meio abestalhado, já que ele não diz nada. Os impropérios continuam e você pergunta ao “mudinho”: “Que acha disso cumpanhero? Isso tá certo?” Ele responde: “Como? Não ouvi...Este barulho do trânsito não me deixa ouvir. Coisa louca isso...”. E vai feliz -será que mesmo feliz?- pairando acima desta gentalha que fala mal dos outros.
Parece que a atitude politicamente correta hoje em dia assemelha-se bem próximo do que os léxicos definem como covardia.
Será que estou enganado?
Se estou, com grave reverência, desculpo-me humildemente. Não me puna. Sou seguidor de todos protocolos do mundo.
Um ótimo fim de semana.
J. R. M. Garcia.



quarta-feira, 26 de abril de 2017

RESPOSTA A LEITORES (CRÔNICAS E CONTOS ) Garcia

   RESPOSTA A LEITORES (CRÔNICAS E CONTOS ) Garcia

RESPOSTA A LEITORES SOBRE "BLOCKCHAIN", ÚLTIMA CRÔNICA DO BLOG

UNIVERSO VIRTUAL

 Com muita atenção e propriedade, dois leitores indagaram-me sobre a matéria desta crônica, postada dia 24/04/2017. Denotavam interesse e muito maior entendimento do que este humilde “blogueiro” aqui sobre  matéria de computação.
Questionaram-me sobre três assuntos bem objetivos.
1)  Qual o órgão que afiançaria a moeda nominada "BLOCKCHAIN";
2)  De que maneira esta moeda teria credibilidade no meio bancário;
3)  De que forma esta moeda seria regulamentada.
Amigos.
Em primeiro lugar faço questão de aclarar um fator, ou seja, nada entendo de computação e vocês estão muito mais aptos para falar disso do que eu.
Responderei pela ordem acima.

1º- Não existe um órgão fiador da moeda "BLOCKCHAIN".    Nada que a lastreie. Nada que a avalize. Nada que a dê como real, visível ou palpável. Lembremos: ela é virtual. Arriscaria dizer que seria uma “singularidade”, tal seja, uma “imposição categórica” de demanda. E para isso a WEB já alcançou proficiência absoluta, como bem demonstra a rede bancária existente hoje no mundo.  

2º- Faço questão de ressaltar aqui, que o meio bancário é uma excrescência que se apoderou das operações financeiras cobrando taxas, valores, repasses de moeda, tarifas, juros e afinal os banqueiros regulamentaram a economia capitalista. Mas banco não é invenção de banqueiros. Não. Banco foi criado por carta ou ordem de pagamento, que se converteram em cheques, transporte de valores e que depois se associou ao Estado ou dele se apoderou,  cobrando impostos, roubando e escravizando boa parte da população. Banqueiro não criou nada. Quem criou foram comerciantes de uma passado remoto.  Deste modo, esta moeda o "BLOCKCHAIN", não terá credibilidade alguma, mas contendo em si mesma a única e verdadeira credibilidade possível. Perguntará: qual? A cultura de um povo e seu grau de influência e uso destes fatores globais como a água, o carbono, número de patentes, qualidade de vida de seu povo, número e excelência de suas universidades, condução da coerência de sua política, transparência de gestão de suas empresas etc. Algo parecido como foi a Suíça em outros tempos.

3º- É interessante notar que esta moeda já existe e é regulamentada por fatores do mercado. Como assim? Simples assim. Empenhos negociais caucionando fatores de aplicativos sobre ativos líquidos. Um exemplo prático. Há nichos pequenos onde poucos são os que neles comercializam.  O seleto mercado de patentes criando processos de gestão, de estratégia, de logística bélica, segurança, controle, expansão comercial etc. A estas sinecuras basta a assertiva de que um grupo tem um “quantum” de valor líquido e a operação é feita. Tal qual um afamado escritor vende um romance que sequer está nem esboçado, mas existe em seu cérebro, assim é a credibilidade de uma criação. Um destes escritores endividados foi Fiódor Dostoiévsk. A pessoa, o grupo, a empresa tem de criar e sua criação e “cumprimento de sua palavra”, é a própria fama de sua criação.

Esse, meus amigos, será o mundo de amanhã.
Espero ter-lhes feito mais clara minha explanação no ponto que solicitaram.
Abração.
J. R. M. Garcia.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

"BLOCKCHAIN" (CRÔNICAS E CONTOS ) Garcia

CRÔNICAS  E  CONTOS 
"BLOCKCHAIN"

Isso é dinheiro?
Pode ser sim.
Aliás, pode vir a ser a “moeda” inexistente do futuro próximo.
Não se assuste e tão pouco deixe de ler o Blog, pensando que ficamos loucos, pois não estamos. Ainda não.
Você se lembra das primeiras aulas de Economia introduzindo o Direito, as quais abrigavam também matérias correlatas? Aliás, até no curso ginasial dava-se noções sobre estes assuntos de poupança e reserva.
Recorda-se do espanto que lhe causou saber o histórico sobre a “ordem de pagamento à vista”? Já pensou na praticidade da “ordem de pagamento”? Uma pessoa de um continente vendia à crédito ou à vista para um outro de distante país. Este, o devedor a quem vendera, fazia uma espécie de carta resumida e objetiva, especificando o valor e a quem devia. Assim, ao invés de transportar baús de ouro sob risco de pirataria,  naufrágio e com viagens demoradas, o credor apenas levava uma “carta”. E onde comparecesse com aquela “carta”, que era reconhecida como legítima e de bom pagador pelas pessoas as quais indicasse, entregava a carta endossada com sua assinatura e recebia em ouro.
Quem inventou este corriqueiro e preciosíssimo instrumento foram os fenícios, navegadores de mar aberto, singrando águas as vezes nem sempre conhecidas, avançando além do visível.   
Mas na esteira deste grande avanço comercial e de transporte de valores, surgiram os atravessadores, falsificadores na figura dos bancos de outrora lesando com pura fachada os realmente interessados, o Estado como grande beneficiário de tarifas, taxas e impostos extorsivos, “derivativos” nem sempre procedentes etc.
Agora estamos próximos a uma nova mudança não só de cartas de crédito, cheques, hipotecas e outras malandragens mais.  Estamos próximos sim de um paradigma monetário.
Esta esteira de exploradores com suas taxas, cartórios e coisas mais serão esquecidos como más lembranças.  
De forma não análoga, mas com um remota semelhança, o UBER é uma forma de desvincular a tradicional “corrida” de táxi, barateando o custo deste trabalho e otimizando todos os sistemas.   
Afinal, o que vem a ser o Blockchain?
Aqui a matéria torna-se didática e talvez enjoativa na leitura.
“Os tópicos discutidos na cúpula Blockchain em Necker Island nas Ilhas Virgens Britânicas revelam uma série vertiginosa de casos de uso de não-moedas substituída pela tecnologia: 1º) alguns estão trabalhando em transferências em tempo real de ações e títulos, ignorando os intermediários financeiros atualmente envolvidos numa cadeia complicada de procedimentos de compensação e liquidação. 2º) Músicos e fotógrafos estão armazenando dados de propriedade sobre seus trabalhos digitais no Blockchain para ganhar autonomia sobre seu material protegido por direitos autorais e construir relacionamentos diretos e criativos com fãs e outros artistas. 3º) Os varejistas estão usando o Blockchain para transformar pontos de fidelidade em uma moeda de fato. 4º) Hospitais estão experimentando sistemas que dão aos pacientes controle sobre seus registros pessoais, ao abrir versões criptografadas deles de forma agregada, para que a pesquisa possa ser feita sobre os dados. 5º)O potencial de desintermediação do Blockchain está sendo testado em finanças comerciais, gerenciamento da cadeia de suprimentos, auditoria, sistemas de votação, serviços notarias e jurídicos, e a grande identidade digital.”
E muito, muito mais pode ser dito da segurança usada pelo Blockchain.
E mais: o sistema é inteiramente virtual e auto-fiscalizado. A fórmula controla seu uso. Ou o protocolo, se o desejarmos.
Porém, se olharmos para a história das transações desde os primeiros sistemas de troca com as do sistema de câmbio de dinheiro digital dos dias atuais, podemos ver como diferentes protocolos de confiança evoluíram e como, em cada caso, centralizar a confiança em certas instituições tem periodicamente causado problemas.
Batido martelo no sistema Trato Feito ou no girar da roleta sem influência humana as transações processar-se-ão.
E a moeda?
Aqui é que virtualidade coloca a pá de cal. Qualquer um pode usar a moeda que desejar, mas o sentido “ad valorem” é o único que na verdade não existe senão na “bolha da Internet”. O valor será universalizado chamando-o como quiser, mas nada que possa nem sequer lembrar isso de bancos centrais, moedas universais, juros etc. O que dá valor ao Blockchain é simplesmente o interesse das partes que em um lugar pode ser um e outro em outro.
Difícil demais explicitar e quantificar esta nova incipiente moeda quando ela não é real e sim virtual.
Esperemos novas novidades.
Abração. 
J. R. M. Garcia.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

"ESPERA-SE DO CÉU" (CRÕNICAS E CONTOS) Garcia


ESPERA-SE DO CÉU


Muitas noites venho aqui escrever algumas modestas letrinhas. Gosto disso.
Ocasiões há que venho ao teclado até mesmo sem saber o que dizer.  Madrugadas, em horas inesperadas, faço textos.
As vezes com alguma lógica. Outras não. Uma crônica indefinida e outra até pequenos contos.
Posso ter bom humor. Algumas peças levam-me a rir. Exemplo: Dilma tentando falar algo parecido com qualquer coisa como francês. Outras me irrito com os fatos que a mídia tendenciosa e sem honestidade busca confundir o leitor.
Mas hoje, como algumas vezes acontece, não tenho uma ideia específica.
Esta semana tive uma sério acidente vascular. Caí na rua. Uma síncope cardiovascular. O coração desligou-se momentaneamente e instantaneamente. Perdi a consciência por instantes. Caí. Machuquei a cabeça. E, daí, foi uma série de exames  investigativos. Espetadas de injeções, radioamadoras e uma série de raios “x” até que os males fossem especificados.
Ao que entendi andei a milímetros da morte. Vi-me prostrado uma noite e um dia na UTI de um hospital. Deitado ali vi-me bem próximo dos companheiros que estavam já embarcando no  caudal da morte. Dois foram e, com que eficiência e rapidez transportaram-nos para o necrotério. Mas o mais interessante e tétrico, é o preparo dos corpos. Silêncio, seriedade e respeito completo. Todos sabiam como proceder. Menos de dez minutos já estavam no necrotério. Mas vi gestos de carinho, afeto e dedicação também.
Minhas opções são apenas duas: tentar viver sob este perigo constante ou apostar em uma ponte de safena na única artéria que possuo.
Ainda estou pensando, meditando, imaginando qual a opção.
Mas, o mais trágico nem imagino que seja isso. O que vejo é a inutilidade desta vida pelo menos para mim. Escrevi desde os dezesseis anos em publicações e nem mesmo registrei o que gostaria. Viajei o mundo todo no campo cultural, palmilhando terras longínquas e não fui sequer próximo onde desejei. Busquei os poucos bens que tenho e nem mais tempo terei para deles usufruir minimamente. Amei muito, mas minha coragem não foi nem para lançar-me na turbulência infinita com as estrelas do céu, delas indagando o que seria o amor.
Enfim, meus amigos: vi-me o idiota maior deitado sobre o chicote do trabalho, jogado como um objeto sem nada indagar se, de fato, alguma galhardia em minha vida poderia esperar. Nem um chaveiro de mimo. -rs-
Mas...
Afinal a vida foi corajosamente vivida. Jogada no lixo ou não, foi uma longa vida até aqui.
E agora parece que a hora aproxima. 
Que Deus nos auxilie a todos.
J. R. M. Garcia.