terça-feira, 30 de julho de 2024

INFÂNCIA FELIZ - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA



INFÂNCIA FELIZ


     É daqui desta esquina de um super-mercado, vendo o pessoal passar, que me surgem idéias. É uma mesa de bar agradável, onde todos são meus amigos e tomo costumeiramente meu café amargo. Pelo menos os pensamentos mais simples. O que faço do Blog é na verdade as vezes o que sinto, vejo, penso, recordo.
      Se ninguém me lê, pouco importa.
     Hoje estava pensando em um presente que meu pai trouxera de São Paulo, viagem longa e difícil naqueles tempos para os fundões das gerais. Deve ter-lhe custado -já que era pobre - os olhos da cara: vinte e um soldadinhos de chumbo e seus cavalos. Parte infantaria e parte cavalaria. Ao longo da vida perdi-os todos. 
     Na verdade fui um ótimo fazedor de brinquedos. Sabia, - talvez até saiba ainda -   fazer barquinhos com pás giratórias em sua popa com ingredientes de borracha torcida. A medida que elas eram destravadas o barquinho, (uma pequena taboinha), deslanchava sobre a água. Era ótimo fazedor de botões para o jogo de futebol de mesa.
      Os melhores eram de cascas de côco. Esses eram atacantes, já que deslizavam muito bem sobre a mesa e iam atingir longe, além da defesa, dando "chutes" fantásticos ao gol na pequenina pedra que servia de bola. Já os da defesa eram confeccionados com matéria plástica grandes e pesadões. Tentei fazê-los de metal, mas as regras do jogo não permitiam.
       Fui um bom jogador de botões, mas o campeão mesmo era Talmo. Diziam, por inveja talvez, que ele tinha uma amigo adulto para fazer-lhe as peças.
     Certa feita, de uma madeira macia chamada tamboril, fiz uma canoa que encantou a muitos. Era de quase meio metro e flutuava com seu leve peso muito bem. De quilha alta, eu notara que cortava a água com tranquilidade e sob ela um pequeno lema para dar-lhe equilíbrio.
      Mas fazia mais. Dos carretéis grandes que mamãe jogava fora, aprendi e fazer do par de rodas dentadas, com elástico enrolados, veículos pequenos. A medida que o elástico desenrolava as rodas dentadas iam em marcha lenta. 
       Mas fazer estilingues foi minha especialidade. Para pedras pesadas forquilhas bem abertas. Para obter boa mira, forquilhas estreitas no vão. Para caçar passarinho usava na algibeira dois estilingues: os de forquilha larga e o estreito. Conforme a distância optava-se por um ou outro. As pedras iam em outro embornal. Hoje não mato nem formiga.
       E desta infância feliz fui tirado abruptamente para um internato de padres jesuítas.
         Tudo acabou de um golpe só. Nunca mais fiz brinquedos.
         Mas a vida é mesmo assim. 
         Fui feliz com meus artefatos e minhas guerras de mentirinha.           
          J. R. M. Garcia.

terça-feira, 23 de julho de 2024

ANJOS E ROSAS - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA

 

 

ANJOS E ROSAS

 

Vivo ou morto eu tenho um sonho para realizar......

Crendo ou não em anjos, eu tenho.

Hoje ou amanhã, eu verei um campo pela eternidade.

As mazelas de minha vida renascerão em flores.

E ainda que para mim só eu as verei. Transmitirei a vocês.

Perdoarei aos que me não perdoarem esquecerei os que têm inveja e parabenizarei os que me forem indiferentes.

E as distâncias do universo não me impedirão.

Sorrindo, em uma chuva de rosas cairão.

Do ódio farei amor.

 

J. R. M. Garcia. 


terça-feira, 16 de julho de 2024

CONTRIBUINDO COM A PERSONALIDADE - CRÔNICAS E CONTOS - (GARCIA)


CONTRIBUIÇÃO DAS MEMÓRIAS DA POETA,
 ISABEL SADALLA CRISPINO
 
 
Falecida em 2007, deixa-nos gratas memórias, em poesias inspiradoras que nos ajudam trazendo a todos luzes na escuridão.
 

 
Uma boa tarde, a todos.
 
J. R. M. Garcia

quarta-feira, 10 de julho de 2024

"ELA ENCANTA ANIMAIS" - CRONICAS E CONTOS - GARCIA

ELA   ENCANTAVA   ANIMAIS

Foi lá pelas bandas do Uruguay. Mais perto da Argentina. Nunca mais a vi e também nunca passei por lá.

Ela não tinha nenhuma pretensão de mostrar-se. Era um dom natural que a movia.

Afinal ela gostava de animais e tinha no quintal soltos dois cães de raça (lindos), um sapo que morava debaixo da uma pedra, dois jabutis, muitos passarinhos e um papagaio. Quando levantava, logo vinha para fora e a bicharada toda a rodeava em um bom dia silencioso.

Eu nuca vira semelhante coisa. Passarinhos soltos vir comer em sua mão, os cães correndo pelo quintal, os jabutis chegando desajeitadamente oferecer-se para serem acarinhados, o papagaio naquele estardalhaço gritando: "Óooo!!! Táti...Táti..."e o sapo no meio daquilo tudo sem assustar-se, firme de olhos bem estatelados e abertos, suspendo o pescoço para ser coçado.

Era quando nada estranho.

Qualquer dia volto lá e filmo este quadro inusitado. São Francisco sei que era assim como ela, mas ele, também, subia nas nuvens e de lá fazia palanque. Café pequeno que, entre os pássaros e lagartixas, ficava a cantar.

Penso que ela deve comunicar-se com esta bicharada em um nível de ondas para nós imperceptível e, ali faz destas uma teia, que nem ela sabe entender.

Mas isso é conversa para outra hora.

 Abração.

 J. R. M. Garcia.

quarta-feira, 3 de julho de 2024

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL (CRÔNICAS E CONTOS) - GARCIA

INTELIGÊNCIA   EMOCIONAL


            O que vem a ser isso?
            Muito complicado? Inexplicável? De difícil compreensão?
            Não.
            Bem simples. Eis uma bela síntese.
“Inteligência emocional é um conceito em Psicologia que descreve a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.” ( Wikipédia)
        Há uns vinte e tantos anos passados, a literatura, a psicologia clínica deram grande importância a este aspecto e até mesmo na literatura, onde alguns romances atingiram um sucesso momentâneo sobre o assunto.
        Em 1920, o psicometrista Robert L. Thorndike, na Universidade de Columbia, usou o termo "inteligência social" para descrever a capacidade de compreender e motivar os outros.
      Para Gardner, indicadores de inteligência como o QI não explicam completamente a capacidade cognitiva. Assim, embora os nomes dados ao conceito tenham variado, há uma crença comum de que as definições tradicionais de inteligência não dão uma explicação completa sobre as suas características.
       Agora volta o tema a tomar lugar em estatísticas e nos testes para emprego em uso nos exames e sobre a questão.
      E, claro, a mídia tomou conta do assunto, citando inclusive Darwin.
        Esquecem, no entretanto, que os instintos, a timidez e a ousadia, a razão límpida do raciocínio, a capacidade de síntese, a intuição aguçada, a rapidez do raciocínio, o esforço pessoal e até mesmo a falta de inteligência e princípios morais e éticos, fazem parte do vulgarmente QI.
         Isso é impossível medir.
         Quem quer ser Deus se habilite.
 
         J. R. M. Garcia.