sexta-feira, 13 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = VOCÊ MEDITA ? =

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)

VOCÊ MEDITA ?


Todos devemos parar de vez em quando. Colocarmos-nos em algum lugar confortável se possível e, em silêncio, conversarmos conosco. Enfim indagarmos-nos se estamos corretos sob um ponto de vista; sobre a quem maltratamos desejando ou não; sobre o que nos convêm; em que estamos em falta para com nosso próximo; sobre nossas despesas desnecessárias; como seria possível diminuí-las; o que é útil ou não; lembrarmo-nos do passado agradecendo os que nos auxiliaram; como fazer para beneficiá-los  dentro de nossas possibilidades; recorrer a uma listagem de nossos erros pela vaidade; pelo orgulho; afastar-nos dos que nos fazem unicamente o mal; aproximarmo-nos dos que nos faz bem; olharmos a paciência de uma árvore que cresce a despeito das dificuldades; ouvir os pássaros se possível; desligar a televisão e ir procurando esta viagem interior até onde nos for possível.
Até onde iria dar esta excursão?
Não sei. Poucas vezes a fiz.
Terminei ou orando, ou ligando a TV, ou o micro, ou em alguma leitura qualquer.
É preciso, certamente, uma determinada disciplina para esta prática e, até aqui, não a tive.
Tente você fazer esta turnê e conte-me. Talvez eu consiga com a sua orientação.
Uma ótima semana, com muito bom humor e alegria.
Abraços.
J. R. M. Garcia
<martinsegarcia@uol.com.br>



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = OU NÃO ? =


CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)

OU    NÃO ?



Já passei da época - e muito - de dizer mentiras. E mais: mentiras com o intento de agradar terceiros.
Agora, já vivido tanto tempo no Brasil, é época de se dizer verdades.
Desagrade a quem for, eu não tenho o direito de dizer mentiras.
Não há quem não admire Guimarães Rosa pelos personagens, enredos de suas estórias, a reflexão profunda de seus pensamentos e muito mais por uma linguagem que ele anotou, preservando-a para o futuro. Hoje uma língua morta, quase um dialeto sertanejo desenvolvido e retirado de nosso idioma.
Isso é o que faz Guimarães um escritor quase inigualável.
Mas, se há perfeição em sua obra, também escapa dele a interpretação correta sobre si mesmo e seus semelhantes.
Ele diz:  "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. ”
É uma besteira genial, porque vem de um quase gênio.
Onde reside esta fortaleza que ele viu no brasileiro?
Seria de viver de sol a sol explorado por coronéis do café na derrubada dos cerrados e matas?
Seria pelo desinteresse de nossas instituições, onde o BNDS e CAIXA, financiam projetos milionários dos apaniguados do governo, ao prazo de quase trinta anos e a juros quase zero?
Seria na tolerância que vivemos, nestes últimos quinhentos anos, em um país quase escravocratas, cujos patrões viveram nas chamadas “cortes”, em volta das mesas da Confeitaria Colombo e mamando literalmente nas tetas do governo?
Seria na leniência que nosso judiciário tem para com os poderosos e o rigor com os pobres sem poder?
Seria nosso desprezo pelos 65.000 assassinatos que se pratica em toda nação em todos os anos?
Seria pelo descaso que nossas autoridades administrativas abandonam a educação, a saúde, a segurança pública, os meios de transportes urbanos, as cadeias públicas, as ruas cheias de viciados em conluio com a polícia e os poderes públicos?
Bem! Se assim for o sertanejo, todo brasileiro é realmente um forte.
É mais. É resistente, sem vergonha, ignorante, incapaz e covarde.
Logo, por uma ou por outras razões, Guimarães Rosa e um gênio, pois que a tudo isso ele certamente mensurou. Ou não?
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>





quarta-feira, 4 de novembro de 2015

= CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = HERÓIS E BANDIDOS =

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) 


HERÓIS   E   BANDIDOS 


Quem são uns e outros?
Todos iguais?
Em que se diferenciam?
Quais possuem identificação característica?
Como vicejam?
Qual o limite moral e ético entre uns e outros?
Como surgem?
Onde vivem?
Por que alguns são assim?
Todos vivem misturados?
Qual o clima que lhes são mais propícios?
A política está ligada aos grandes bandidos?
Como é esta ligação?
Como são seus “métodus operandi”?
Em média quantos são ou todos somos os mesmos?
Se todos somos bandidos - o que é provável - há alguma luz que possamos desejar para iluminar nossa consciência suja e porca?
Mas se todos somos bandidos, nós também terminaríamos condenados?
Que condenação seria essa?
É vivermos em uma lata de lixo onde não há saúde, segurança, escolas, certeza de punição?
Por quê assassinamos mais de 65.000 pessoas por ano?
Calamos acovardados a tudo isso?
Logo somos então bandidos, mas ao mesmo tempo heróis para vivermos nesta porqueira deste país.
J. R. M. Garcia
<martinsegarcia@uol.com.br>


domingo, 1 de novembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = AQUÉM E ALÉM =

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)


Sobre a crônica “A ÉTICA DE DEUS”, sofri uma séria reprimenda de meu filho. E, como ele mora longe, o fez por e-mail.
Não a traria aqui se ela não fosse lógica, racional e erudita.
Mais específico, sem detalha-la toda, ele diz que se admito um Deus que esteja fora do homem, equidistante de todas as coisas que permeiam este mundo, nem sentido existe em falar em “ética”, já que esta é uma criação humana e, portanto, além e aquém de Deus.
Seria, como alguns pregadores de esquina: “A Lei de Deus”.
Claro que se não há a “Lei de Deus”, dar-se-ia uma besteira falar desta “Lei”, seja lá em que religião for.
Existe Lei dos homens, Ética dos homens. Mera interpretação nossa sobre isso e aquilo, sobre um comportamento e outro. No mais é chover no molhado, é bater boca sem nexo algum.
Quando citei a gravidade, que é uma Lei física universal, ele rebateu.
“Nada mais simples que anular a gravidade, pois dois polos iguais se repetem e é o que vemos nos chamados “trens balas”, os quais trafegam a mais 300 km. por hora levitando sobre os trilhos”. E disse ainda: “Que em uma mera roda girando em um parque, a gravidade é anulada vindo os corpos a colarem literalmente na parede desta roda de brinquedos.”
Recuei e citei Darwin na Evolução das Espécies.
Foi pior: “Darwin fez leis para este planeta. Não para o universo”.
Tentei argumentar: “Até os confins do universo galáxias devoram-se...É Darwin.”
Ele indagou: “Quem lhe disse isso? Quem lhe afirmou que uma galáxia supostamente devoradora de outra não está na verdade sendo devorada?”
E concluiu, arrematando:
“Qualquer pregador que avançar em sua pregação sobre estas e outras análises, é um tolo. Na verdade um Ser “in extremis” foge de nossa compreensão tosca e não afinada com coisa alguma.”
He!
Pensei: “Deus está aquém e além do homem. Não vale a pena discutir. “
Senti-me ridículo. 
Um bom fim de feriado.
J. R. M. Garcia.

<martinsegarcia@uol.com.br>