sábado, 27 de junho de 2015

MADRUGADA TRANQUILA


É madrugada fria aqui em Montevidéu.  Uma névoa oculta as ruas, deixando nada a ver. Vazias todas. O frio esconde-as .
Daqui do alto  praça Independência vejo as árvores de plátanos (aquelas parecidas com as do Canadá que usam na bandeira), pelo alto. Agora todas desfolhadas são feias. Lindas quando volta o verão.
O sol aqui nasce tarde. Demorará. Aqui, a está época, os dias são mais curtos.o    
Parece que a brisa se converterá em chuva. Vamos ver ao longo deste sábado.
Sou as vezes um falso madrugador. As vezes não durmo a noite e faço-o de dia. Mas sou um boêmio de meu próprio convíveo.
Nestas noites deixo meu pensamento vagabundear sem compromisso.
Corro ao passado, como vou ao futuro sem o mínimo problema. As vezes medito em minhas burrices sem qualquer constrangimento. Outras limito a perdoar-me. Algumas sorrio de mim mesmo e também de outros.
E a noite corre assim descompromissada, solitária, desassuntada.
Isso é bom ou ruim ?
Não sei. Nunca fui diferente.
Talvez você que me lê, poderá dar-me uma idéia melhor.
Um ótimo fim de semana.
J.R.M.Garcia.






segunda-feira, 1 de junho de 2015

= MISTÉRIO INSONDÁVEL =


COLABORAÇÃO DE MIRIAN HORI

    No útero de uma mãe, estavam dois bebês. 
  Um perguntou ao outro: "Você acredita em vida após o parto?" 
   E o outro respondeu: "Ora, é claro. Deve haver algo depois do parto. Talvez estejamos aqui para nos preparar para o que seremos depois." 
   "Que tolice", disse o primeiro. "Não há vida após o parto. Que tipo de vida haveria?" 
   E o segundo disse: "Não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez possamos caminhar com nossas pernas e comer com nossas bocas. Talvez teremos outros sentidos que não conseguimos compreender agora."  
   O primeiro respondeu: "Isso é um absurdo. Caminhar é impossível. E comer com nossas bocas? Ridículo! O cordão umbilical supre a nutrição e tudo o que precisamos. Mas o cordão umbilical é muito curto. A possibilidade de uma vida após o parto é assim logicamente excluída." 
   E o segundo insistiu: "Bem, eu acho que existe algo e talvez seja diferente do que há aqui. Talvez não precisemos mais deste cordão físico."
   O primeiro replicou: "Bobagem. E, além disso, se há vida, então por que nunca ninguém voltou de lá? O parto é o fim da vida e, no pós-parto, não há nada além de escuridão e silêncio e esquecimento. Ele não nos leva a lugar nenhum." 
    "Bem, não sei", disse o segundo, "mas certamente encontraremos nossa Mãe e ela tomará conta de nós." 
     O primeiro respondeu: "Mãe? Você realmente acredita em uma Mãe? Faz-me rir. Se a Mãe existe, então onde Ela está agora?" 
    O segundo disse: "Ela está por toda a nossa volta. Estamos cercados por ela. Somos dEla. É nEla que vivemos. Sem Ela, este mundo não existiria e nem poderia existir."
    E disse o primeiro: "Bem, não A vejo agora, então é simplesmente lógico que Ela não exista."     Ao que o segundo respondeu: "Às vezes, quando você fica em silêncio e se concentra e escuta com atenção, você pode perceber a presença dEla, e pode ouvir Sua voz amorosa, te chamando de lá de cima...

Vale a pena refletir ...


quarta-feira, 27 de maio de 2015

= EXILADO. EU ? =


Sim. Foi o que me disse um amigo do coração, sobre minha mudança para Montevidéu. Ele não estava criticando-me. Estava espantado, isso sim.
Indagou-me ele, também, o porquê desta alteração radical na vida.
Vou tentar responder.
Não estou fugindo, não devo na cidade, não tenho qualquer problema político, tenho, aliás, muitos amigos e família.
Mas...a despeito de tudo isso, vou.
Vou não por causa de meus amigos, por causa do Brasil.
Gostei muito deste país. Aí vivi até ontem. Aí tenho a vida de todos ascendentes nos grotões de Minas Gerais. Estudei anos em São Paulo, também no interior do estado em colégios internos e aí pretendia morrer.  
Este tal de PT expulsou-me.
Nauseei-me com Dilma, Lula, Zé Dirceu, Cuchiquem, Renan, Genuíno, PETROBRAS e seus escândalos e mais tudo que, como disse Guga, o tenista: “O Brasil nos abateu  a todos...” Abateu a uma geração. Não consigo vislumbrar nem oposição, nem situação, nem partidos capazes de resolver este inferno onde são abatidos a armas mais de 60.000 brasileiros por ano. São Paulo que conheci, nunca foi nojento como está. Era, ainda São Paulo do bonde e da garoa. Ele morreu e eu vou também morrer  longe.
O que vejo é que, enquanto o Judiciário permanecer feliz com seus ordenados, a Câmara regiamente abastecida em cerca de mais de cem mil reais por mês para cada deputado e a presidência feliz com os ordenados vultosos de seus 39 ministérios, nada acontecerá. Estamos na merda.
Os Moros, os Joaquins da vida são poucos. A PF é muito pequena para entrar em todos estes meandros de avassaladores traficantes associados a políticos.
E o povo sofre. Sofre e há muito tempo.
Teremos um país de “diplomados”, mas com a industria descapitalizada e pobre, não servirá de nada.
Uma ou duas geração está “abatida”, senão mais. Isso equivale no mínimo 80 anos.
Vivi um Brasil que agora nada mais tem de mim.
Espero deitar meu último olhar nas campinas infindas do Uruguay.
Um abraço Pérsio Pisani.
A todos um adeus.
J. R. M. Garcia.



sábado, 16 de maio de 2015

= FELICIDADE =


         Eterno tema.
     Rios de tinta riscaram toda a terra falando deste assunto desde que aqui o homem surgiu.
   “Ter riquezas, bem-estar e consumir  muitos bens materiais não é o mesmo  que ter felicidade”, dizem alguns como Pepe Mujica, o ex-presidente do Uruguai.
   Para ele isso é uma verdade, que aliás é facilmente defensável. E completa o texto de maneira quase irrefutável: “Essa é a outra face de nossa angústia, que caminha pelas ruas na forma de milhões de indivíduos submerso na solidão em uma sociedade moderna multitudinária”.
    Segue a linha do mitológico Diógenes que, vivendo em um barril, recomenda a Alexandre dar-lhe mais espaço para tomar sol.
     Muito antes de conhecer o pensamento de Mojica, já eu considerava que o consumo não é saída alguma.
    Imagino que a felicidade é um estado de ânimo que, emanando de uma consciência anímica, não perceptível e, portanto, não descritível, habita algumas pessoas de forma tão indistinta como o estado de graça descrito por Santo Agostinho. É a vontade de Deus.
    Este pensamento, levado a instituição pública, seria trazer à liberdade a quantidade maior de pessoas que, de forma responsável, exercessem em pleno grau  suas motivações.  Assim poderíamos não ter um PIB, mas um IF (índice de felicidade) mensurável.
         Bom fim de semana.
         Abraços.
         J. R. M. Garcia.