CRÔNICAS E CONTOS
ATÉ MAIS...
Paciência
! Paciência ! Paciência !
Paciência
! Paciência ! Paciência !
Paciência
! Paciência ! Paciência !
Paciência
! Paciência ! Paciência !
Muita
paciência.
Sem isso, o
“paciente” deixa de sê-lo para tornar-se “indecente”. Ou seja. Você se tornará
sem decência. E assim não será bom.
Eu bem me
lembro que, quando você nasceu, faltou-lhe ar para os pulmões e o médico teve
de colocá-lo em um aparelho para auxiliar sua respiração. Quando ele saiu
destes procedimentos, eu, desavisado e muito ignorante, atalhei-lhe a saída
para que não saísse do recinto. Já era hora avançada na noite. Ele, com
desusada energia, disse-me: “Tudo está bem com os procedimentos ambulatoriais
já tomados. Agora eu preciso ir para dormir um pouco e, amanhã, estar no
horário certo para atender inclusive seu filho e os demais pacientes.” Depois
vem o caso do Casec-Nidex. Neurose ou não, isso dominou minha memória por mais
de ano. Era uma formula de leite importado, bem como açúcar.
Quando falo em
paciência, não estou necessariamente a dizer que seja paciente com terceiros.
Não. Quero dizer também, paciência para consigo mesmo. Autoindulgência
não. Mas sim ser paciente para consigo próprio. Por quê?
Simples. Sem
antes curar a alma não se cura o corpo.
Os romanos
estão errados. Não se trata de “corpus sani in esprirus sani”. Toda doença
começa na alma. Quanto a curar a alma, acho que cada um descobrirá o mau do
espírito ou não. Se não descobrir e não curar o dando praticado em seu
espírito, ele perecerá juntamente com o corpo. No caso de curar a alma não terá
mais ansiedade nem angústia - esses grandes vilões do espírito - e perecerá com
serenidade até que seu corpo, apascentado, repouse cheio de serenidade.
Aplicando esta
ideia ao uso prático, resulta no exercício da resignação e capitulação.
É isso mesmo.
É preciso
resignar-se as metas não conseguidas e a capitular-se as esses resultados.
Ao contrário a
ansiedade e a angústia reinará em seu espírito e você cairá em várias doenças
do sistema circulatório e outras muito mais complexas. Seus órgãos com menor
fragilidade, amargarão em dores e problemas.
Outro dia vi um
filme na Geografhic internacional. Verídico, como a maioria dos que ali se
publicam. Era a história de um homem que criou dois ursos, órfãos desde o
nascimento. Cresceram e fizeram-se adultos e ele ali tratando-os dentro da
jaula onde eram seus amigos. Mas ele sempre temeroso de que viesse a falecer e
não só deixaria um problema como tendo impedido de que os ursos voltassem a
floresta, seu meio natural. Finalmente, embora pesaroso e, em lágrimas,
resolve seguir a imposição racional e não emocional. Os dois ursos (agora
enormes) teriam de voltar ao mato. Para tanto ele achou um capão de floresta
com 4 hectares para adaptá-los ao bosque. E lá foi ele. Agora um velhinho
frente ao tamanho e a exuberância dos ursos com quase três metros de altura e
meia tonelada cada um. Na verdade, embora estivesse a “perder” os ursos, ele
vibrava com cada gesto da selvageria. Uma vez quase que foi morto pelos ursos,
esquecidos de que ele era apenas um homenzinho. Ao final não vi o fim desta
história. Talvez tenha sido morto pelos ursos. Talvez não.
Na lição desta
história vejo meu retrato buscando tornar os filhos independentes e separados
de mim. Melhor seria para minha conveniência que meus filhos pudessem estar
comigo agora no caminho para o fim da vida. Provavelmente não terei mais a saúde
que tive e a solidão me aguarda. Mas mesmo assim tenho lutado pela por minha “!resignação
e capitulação”. Dei-lhes os meios e, agora, comigo ou sem eu caminhem.
Bom domingo.
J. R. M.
Garcia.