terça-feira, 31 de julho de 2018

-SOMOS POBRES- Garcia



SOMOS POBRES


Pobres em que?
Em talentos, em capacidade de trabalho, em espírito cívico, em coragem, em terras de difícil exploração. Nosso solo, quando não é cerrado é nossa “ floresta”  (uma vez derrubada não volta a nascer, enquanto em outros territórios mais férteis rebrotam rapidamente). Veja o exemplo da Serra do Mar. Uma vez destruída não se refez nos últimos 400 anos. Minas, nosso interior é um estado tão pobre que, mesmo com adubos nada viceja. A primeira estação de chuvas leva todo adubo. Até o Velho Chico está secando. A bacia amazônica é tão terrível, que até hoje não conseguiram mapeá-las e sua floresta está em extinção. Extinção para uso de pastos, os quais, cinco anos depois, tem ser novamente adubado.
Somente um exemplo: no interior dos EUA, nas planícies habitavam mais de 80 milhões de búfalos em pastagens naturais, quando ali chegou o homem branco. É mais do que hoje, 500 anos após, representa três vezes nosso rebanho atual, a custa de remédios, adubos,  fazer e refazer pastos. E mais: lá havia o aapaloosa, cavalos selvagens de ótima qualidade. O capim que aqui nasce é todo oriundo da África. Nada é natural. Tudo artificial. O capim natural daqui não era comestível por animais,  senão por capivaras, tatus e bichinhos de pequeno porte. Um búfalo é tão forte que mata em 10 minutos um boi destes nossos. E tinha mais: ursos pardos e bando inumeráveis de lobos selvagens.
As florestas artificiais que aqui vemos hoje, são apenas de eucaliptos, madeira frágil e somente surte algum efeito porque é tratada.
O solo é pobre, a vegetação é pobre, o sertanejo é um pobre fraco.
Faça um pequeno esforço de memória e veja se consegue lembrar de uma mente criadora aqui no país. Além do carro de boi e da carroça, o que foi feito? Carrinhos de mão? Padiola? Teares de madeira, roca. Não criamos nada. Nem o imortal carroção de quatro rodas atingimos. Chegamos aqui e ficamos no estágio dos egípcios até um século atrás.  Nem uma máquina de costura. O que desenvolvemos são criações alheias, vindo de longínquas terras. Do automóvel ao avião, nada se deve a nós, trem de ferro, energia elétrica Remédios nada criamos.
Procure um herói nacional. Um. Tiradentes mais parece uma vítima traída pelos seus companheiros. Isso de Duque de Caxias, o que se sabe é que foi um genocida no Paraguai, matando crianças, mulheres. Massacre geral. De pena ou por medo de ver sua farda imaculada tinta pelo sangue de crianças, mulheres, leprosas portadoras de doença venéreas, tuberculosas. Desse genocídio Caxias pediu o afastamento da tropa.
Mas de tudo isso, a maior tristeza nossa é a pobreza moral que corrompe nosso povo desde que aqui chegou o colonizador. 
J. R. M. Garcia