terça-feira, 6 de maio de 2014

= SENTIMENTO DE PERCA =


     Há muitos sentimentos comuns na espécie humana.       Um destes é esse.
      Eu perco.
      Tu perdes.
      Ele perde.
      Nós perdemos.
      Vós perdeis.
      Eles perdem.
     Enfim, quem disser que nunca perdeu nada, que não fez um negócio errado, que desenvolveu um relacionamento nocivo, que se sente burro em não ter reconhecido um erro por pura idiotice, está mentindo grosseiramente ou é um tolo orgulhoso incapaz e auto-crítica. Percas há que nos adoecem e pode mesmo levar-nos à morte. Outras, mais amenas, chateia-nos, desagrada-nos, coloca-nos tristes mas são absorvidas e, enfim, substituídas. Esta é uma das injunções da vida a que estamos sujeitos em todas idades.
      Eu, que já venho permanecendo aqui neste planeta por muitos e muitos anos, sou mais que um rosário de erros. Aliás, sendo sincero, escapei da morte por mera graça divina pelos menos mais de cinco vezes. Isso as que contei, exceto as que nem percebi.
      Mas nenhuma perca é mais grave senão a perca de si mesmo.
      Perder-se de si próprio é consumir-se, corroer-se, é abandonar-se.
     Tenho comigo que para de si mesmo não se perder, é preciso ter fé. Fé em que aquilo que para nós seriam nossos destinos, na verdade são outros. É mais: a reflexão sincera e humilde de que o quê não nos é dado por Deus não nos são tomados, mas sim é o que nos seria um mau maior.
      Tenham uma ótima semana.
      Abraços.
     J. R. M. Garcia.


sábado, 3 de maio de 2014

= CIRCO SEM PÃO =



                      Ninguém de boa fé pode negar a importância das disputas dos jogos mundiais de futebol a serem realizados no Brasil. Sem dúvida é motivo de júbilo, de alegria, de contentamento. É muito bom que assim o seja. Como todos, também eu, regozijo-me por estes certames. Com atenção juvenil acompanharei com todo entusiasmo tantas quantas forem as partidas que realizarem.
         No entretanto, fico aqui a pensar o excessivo enaltecimento e desvairo com que a mídia dá destaque a este evento.
          A se ver como os jornais, atribuem relevância exagerada a estes jogos, ficamos assim a imaginar que nossa História dividi-se entre o “antes e o depois”.
          É como se após tais festividades esportivas, nosso país fosse alterar da água para o vinho.
         Após estes eventos o Brasil terá resolvido o problema dos prontos socorros lotados; o nosso índice de criminalidade em mais o de 51.000 assassinatos por ano (o maior do mundo); como se a inflação desistisse de nos devorar; o dólar não continuasse subsidiado a favor dos bancos; os juros pagos pelo país ao exterior não fossem os mais altos do mundo; o transporte coletivo fosse resolvido; o problema de energia elétrica fosse concertado; nossas estradas dessem escoamento a nossa produção; a segurança de nossa população aumentasse; o grau de investimento privado pudesse ser aumentado em detrimento da iniciativa pública; o intervencionismo estatal fosse diminuído; a burocracia restringida; o índice de corrupção fosse coibido; nosso ensino fosse mais eficiente; os professores do ensino médio fossem pagos acima da linha mil da miséria; nossa política externa fosse menos venal.
                 Isso.
           Terminada a copa estes problemas estariam resolvidos?
    Ahhhh!!!!!!!!!!!!! Este seria o grande milagre.                    
                Esta seria a etapa magistral de nossa História.
               Mas não. Tristemente não. Após os jogos, tudo voltará como d’antes no curral de Abrantes.
          Cada um voltará para sua casa frustrado, sabendo que o que aconteceu foi apenas uma noite de sonhos. As dívidas e os problemas serão os mesmos a arrasar-lhes os corações entristecidos.
             O ditado “PÃO E CIRCO” que os romanos antigos alardeavam, aqui é “PAO SEM CIRCO”.
           Tenham um domingo abençoado, minha Amiga(o).  
                     Abraços.

                     J. R. M. Garcia. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

= ZONA DE CONFORTO =


     Na gíria, entre os da terceira idade, sabe o quê isso significa?
      Expressa exatamente que entre as pessoas na idade de aposentadoria, após anos e anos de serviços laboriosos, encontram-se agora em uma fase onde podem gozar das benesses de uma vida supostamente descansada.
      Daí pessoas amigas, que gostam realmente de você, vem e diz:
      --Meu querido ! Você tem de fazer caminhadas, não pode fumar, beber pouco, comer pouco etc. etc.
   Vem o médico, nem sempre bem intencionado e recomenda:
      --Meu amigo ! Você não pode ingerir gorduras, doces, tem de fazer dieta alimentar, ingerir muita água, fazer exames regulares, perder peso etc. etc.
    Você argumenta que já viveu bastante e acha que uma boa morte far-lhe-ia bem.
      Pronto. O rolo está armado.
      Seus parentes mais próximos, obviamente pensando na perspectivas de você tornar-se um trambolho ambulante dando-lhes pesados encargos, argumentam com muita propriedade.
      --Mas que isso ! Acaso você quer passar os últimos dias de sua vida sob cuidados médicos? Quer ficar aleijado por um derrame? Quer que lhe cortem a perna por diabete ? Quer fiar paralítico ? É isso ! Você tem que viver bem até o fim, ora.
      Pronto. A coisa fica braba.
  De um lado vem as ameaças e, de outro, a possibilidade destas mazelas acontecerem realmente.
      Mas afinal, o que você realmente quer ?
    Sossego, paz, descanso, uma vida modestamente sem grandes preocupações, com pouco ou nenhuma obrigação, ler, dormir e estes prazeres simples de uma vida usual.
      E o que lhe cai de deveres sobre a existência ?
    Mais deveres e obrigações, estes os quais você já havia deixado há muito em uma juventude distante. De resto passou a vida com a pressão arterial a 19, 20 infartos, sem ninguém dizer nada, com dores por todo corpo.  
    Esta meu querido amigo, é o que lhe espera nesta chamada “Zona de Conforto”.
      Um abração.
      Um ótimo feriadão.
      J. R. M. Garcia.


= BONS TEMPOS =


      Olhando a foto de uma festa.
      Esta festa se deu há pelo menos mil anos.
      Não. Isso é exagero. Digamos há uns trinta anos.     
      Mas é como se fosse mil.
      Uma festa junina.
   Éramos todos casais jovens, com filhos crianças ainda, vizinho todos.
   De uma forma geral todos esbeltos, esguios, sem barriga. Ágeis, flexíveis dançando a maioria com a meninada à volta. Todos ali reunidos com muita alegria.
      Bons tempos !
      He ! Bons tempos !
      Vou dizer-lhes o quê eram estes bons tempos.
   As paixões eram muito mais soltas e, por isso, perdíamos-nos em estéreis discussões uns com os outros e conosco mesmos. E muitas vezes com a família. As crianças, inteiramente dependentes, exigia-nos atenção, educação, zelo. Era um tal de passar a noite fazendo vaporização, com febre, remédios e, as vezes, até rápidas internações. De manhã era correr para a escola com eles. Começo de vida tudo era novo e, como tal, as crianças eram novas e a gente muito inexperiente. E ainda, por cima disso tudo, precisávamos ganhar dinheiro, fazer patrimônio, correr atrás de trabalho rentável.  Além do mais buscar deixar algum patrimônio.
      Vem a adolescência.
      Nossaaaaaaaaaaaa !!!!!!!!!!!!!!!!
      Aí a barra pega quente mesmo.
    Digo e resumo: pior que um adolescente, somente dois. E se o adolescente for desajeitado, nem a morte dos pais podem satisfazê-lo. O jovem não deseja que os pais morram, preferem conservá-los vivos para torturem-nos. Isso inconscientemene, naturalmente. E o pior é que alguns continuam sendo eternamente “aborrescentes”, mas disso é a Sociedade quem cuida.
      Bons tempos ?!
      Tenham um alegre, feliz e abençoado feriadão.
      Abraços.
      J. R. M. Garcia.