domingo, 2 de junho de 2019

DESISTI DE MEU FILHO = CRÔNICA E CONTOS=-

segunda-feira, 20 de julho de 2015

= DESISTI DE MEU FILHO =



       É com os olhos quase em lágrimas que inicio este pequeno texto.
        Por que não dizer ?
      Lavro estas letras com humildade, com vergonha, com o coração oprimido e triste.
        Faço-o, aliás, para que todos saibam que não somente a eles recai as injustiças miseráveis de um país ingrato e covarde como este.
        Também eu sou covarde. Também eu me omiti. Também eu falhei quando não devia falhar.
        Participei da revolta de 1964 e, quando acordei, dois anos após, vi que os canalhas “meus amigos” sequer sabiam onde ir e o que desejavam. Cumpri inútil detenção.
        Em 70 eu estava às margens da fome e já com família.
     Mas tive, depois, meios de intervir, auxiliar, buscar um rumo  pelo menos ao nível da comunidade onde moro.
        Agora, tardiamente, compreendo que, embora devesse ter atuado em matéria de civismo, fui egoísta, medroso, inerme, preguiçoso.
     Vejo, passado todo este tempo, que a “cultura” miserabilizou a nação. Não nos tornamos nada. Ficamos, com um estado de mais de 200 milhões de habitantes sem nenhuma solução. Somos como aqueles boxeis burros e fortes, mas que apanham feito uma mula no ringue por nada saberem.
        PIB menor que zero; 65.000 assassinatos anuais; favelas cercando cidades; sistema de saúde nulo; roubos por todas instituições; comprando até energia de outros países vizinhos; uma infra-estrutura nula de acesso aos portos; segurança é uma piada de mau ou bom gosto; estupros coletivos e muito mais que aqui resenhar.
        E por quê desisti de meu filho ?
   Por que o queria perto. Amigos que somos. Aqui, no entretanto, ele escreveu 6(seis) livros, um na terceira edição e um em inglês. Escreveu na Folha de São Paulo. Escreveu mais de 600 artigos publicados na revista virtual CONJUR e outras revistas. E disso quanto recebeu? Nada. Nem uma carta de incentivo. Um bilhete que fosse. Advogou como um desesperado, sem chance alguma, já que a OAB transformou esta terra em uma pasto e rábulas imprestáveis. Apenas servem para entulhar a Justiça.
        O Brasil, a permanecer na satisfação da República em suas cancheiras de luxo, com o Judiciário feliz e alegre, os deputados contentes e inatingíveis e o executivo folgazão, nada acontecerá. Quinze anos serão poucos para algum princípio de recuperação.
        Por isso desisti de meu filho. Foi para outras terras. O que sempre discordei, terminei por vê-lo em uma luta honesta na busca de um resultado no mínimo mais honrado. Lá sofrerá, mas talvez compreendam-no com maior valia e maior decência e respeito a figura humana em sua cidadania.
        Desculpem o desabafo.
        Abraços.
        J. R. M. Garcia.
        

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

"CADEIA ALIMENTAR" -CRÔNICAS E CONTOS-


CADEIA     ALIMENTAR 


RESPOSTA A UM AMIGO QUERIDO

QUANDO  LEVANTO EM DIA DE CHUVA, ATMOSFERA PESADA, VEJO QUE OS PÁSSAROS, SOB RISCO DE VIDA, TÊM DE VOAR EM BUSCA DE SEU ALIMENTO E DE SEUS FILHOTES. OUÇO A CHUVA E PENSO NISSO. QUANDO VEJO OS BICHINHOS CORREREM UMA ATRÁS DO OUTRO A SI ALIMENTAREM, PENSO NAS ONÇAS, NOS LOBOS DESTE MUNDÃO TODO, TRABALHANDO SOB A CHUVA, A NEVE, ARRASTANDO CARCAÇAS PARA SE ALIMENTAREM E ALIMENTAREM SEUS FILHOS.
É ISSO QUE SINTO E NÃO A IDEIA DE TRABALHO. A NATUREZA MADRASTA LEGOU-NOS ISSO. SOMOS CAÇADOS E CAÇA. TEMOS DE NOS PROTEGER PARA VIVER. NÃO HÁ OUTRO CAMINHO. E, SE NÃO MEDITARMOS MUITO, SOFREREMOS CONSEQUÊNCIAS DURAS, NÃO SÓ FÍSICAS COMO MORAIS. AS RELIGIÕES -DE TÃO BURRO QUE ALGUNS SÃO- APONTAM ESTA REALIDADE DO TRABALHO COMO CASTIGO E QUER COLOCÁ-LO COMO UMA PENA IMPOSTA POR  DEUS. NÃO. TALVEZ SEJA ESSA A ÚNICA MANEIRA QUE DEUS TIVESSE MEIOS PARA NOS OCUPAR NESTE PLANETA.
É TRISTE O PENSAMENTO  DE EXISTIR UMA CADEIA ALIMENTAR, - A QUAL JULGAM QUE O HOMEM OCUPA - OS ANIMAIS MAIS FORTES (SOBRETUDO OS CARNÍVOROS) TÊM UM PRAZO CERTO E FINALIZADOR PARA REPOREM SUAS ENERGIAS. AO CONTRÁRIO MORREM E NISSO ARRISCAM SUA VIDA, SUAS RESERVAS DE ENERGIAS, SEU DESESPERO.
A VERDADE É QUE QUEM NÃO SERVE A SOCIEDADE APODRECE E MORRE FEDENDO ANTES DO FALECIMENTO.
É ISSO AÍ, MEU AMIGO.
ESTA É MINHA CONCEPÇÃO SOB A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO À COMUNIDADE.   
J. R. M. GARCIA.