IMAGEM DA INVEJA
Confuso em
outras ocupações deste mesmo Blog, deixei este tema esquecido, sem
desenvolvê-lo com a seriedade que merece. Abaixo repito o que afirmei no dia
26/09/2012, na Crônica “INCAPACIDADE & INDECISÃO”.
"A inveja é um sentimento tão forte, que
penso transcender o ser humano e habitar até os animais ditos irracionais.
Pela mitologia bíblica, a razão do
primeiro crime foi provocada pela inveja.
Ali consta que Caim matou Abel não foi para furtar, por vingança, por
cobiça, por raiva, por traição e por razões outras. Foi sim pela inveja.
E, por quê ali
consta a inveja como a razão não do segundo, do terceiro, do quarto e de outros
crimes ? Faz constar especificamente este como o primeiro crime cometido na
Humanidade.
Isso sempre intrigou-me. Imaginava que o
primeiro seria por furto. Não o é na fundamentação bíblica.
Este sentimento é realmente danoso, não só
pelo mal consciente que causa, mas muito mais pelas razões inconscientes que o
motivam."
MITOLOGIA
Claro que a Mitologia como
História, é uma fonte inútil de informação. Mas não o é como manancial de
análise de nosso inconsciente. É nela que repousam as origens de nosso
comportamento psicológico na forma mais simples e singela de nossas emoções. É
nisso que repousa seu valor.
Deste
modo, citar aqui os valores mitológicos bíblicos, são realidades
transcendentais.
Assim
indago-me: Que estranha força é essa que emana da inveja a destruir tudo que se
lhe passa à frente?
Caim
era irmão de Abel. E o mata.
Como
? !
Estranho
que seja este o destaque do primeiro crime mencionado pela Bíblica: assassinato
entre irmãos.
Pela ordem, à moda dos advogados,
declinarei minhas dúvidas sobre este curioso sentimento destruidor.
1º)-O que vejo em primeiro plano na inveja, é uma força capaz de provocar a irracionalidade nas
pessoas. Conscientes ou não, ela provoca sentires da ordem mais baixa dentro de
nossa alma;
2º)-Ela ocorre exatamente nas pessoas que mais nos são próximas.
Nunca entre seres distantes. Posso invejar Obama, mas nenhum efeito lhe trará.
Não nos conhecemos, ora. Mas posso invejar meu filho, meu vizinho, minha
esposa, meus amigos, meus “inimigos”, minha nora etc. Eles estão próximos.
3º)-A inveja, possivelmente, começa com uma grande admiração que vai
crescendo até que, no final, vemo-nos na condição de invejosos e, ai, então,
não conseguimos mais trazer à consciência este sentimento tão profundo que sentimos;
4º)-A inveja é contagiosa. Ela é estranhamente insidiosa. É porca,
por assim dizer. Sem que saibamos, o invejoso vai contaminando seus semelhantes
por várias maneiras de forma a não percebermos que estamos “caindo na dele”,
até que, quando vemos, já nem sabemos mais em que o próximo nos causa de tão
mal;
5º)-A inveja é extremamente destrutiva não porquê desejemos causar o
mau diretamente a nosso próximo, mas por ignorarmos sua existência em nós e,
assim, causamos um mau imenso sem que nós mesmos saibamos exatamente (porquê
ela é dissimulatória). Ela lança aqui e ali traços de críticas pessoais, sob a
forma astuta de elogios sinceros e vai-se plantando ferinos falsos julgamentos.
Difícil perceber esta estratégia que ela faz conosco sem nossa própria
percepção.
6º)-A inveja causa males terríveis sobre suas vítimas, sendo que
estas sequer percebam de onde lhe é destilado o veneno.
7º)-Há pessoas mais sensíveis a esta doença, pois imagino tratar-se
de uma patologia. E a primeira vítima (coitada !) é o invejoso(a) mesmo, já que
carrega dentro de si a enfermidade.
8º)-A cura para o invejoso, seria ele mesmo admitir espontaneamente
que tem inveja de fulano de forma clara e precisa, o quê é quase impossível.
O PENSADOR (RODIN)
Outras análises mais profundas
podem ser feitas, mas não aqui em um simples Blog.
A
defesa contra a inveja -o único meio
que imagino- seria o afastamento da pessoa que o tem e o
dissemina, sob elogios dissimulados
insidiosamente, entre seus conhecidos e amigos.
No
mais, precisaria pensar muito caso a caso. E isso não é possível.
Tenham
um ótimo domingo e muito cuidado com os invejosos de toda ordem, pois ele está
a seu lado. -rs-
J.
R. M. Garcia.