SEITAS RELIGIOSAS
Minha Professora de Informática,
ao final da aula de ontem -por sinal
muito mais longa que o normal- indagou-me,
porquê não escrevia uma matéria sobre as muitas seitas religiosas que se
multiplicam em nossos tempos.
Creiam-me, embora tenha estudado por quatro anos interno
em colégio jesuíta, fazendo ali todo curso secundário, nada sei de Teologia.
Esta matéria não era abordada ali e, aliás, nem sei o porquê. Orávamos muito, líamos
mensalmente a biografia de santos da Igreja. Tínhamos aulas regulares de religião
semanalmente, os sermões das missas dominicais fixavam-se em homilias do Novo Testamento.
Nada mais além sobre matéria religiosa.
Ainda alertei a Professora que estas seitas, casas de orações,
cultos ou que nome sejam-lhes dado, são bastante expressivas e, com conceitos
muito bem definidos.
CASA DE ORAÇÃO
Deste modo, posso apenas dar
testemunho de duas experiências pessoais, mais ou menos longas, com duas destas
Igrejas.
Em Caraguatatuba, fui contratado para requerer uma medida
Judicial de Concordata, à luz do antigo Código. Hoje Recuperação Judicial de
Empresas. Viajei para Caraguatatuba e por lá fiquei na primeira vez 30 dias,
depois outros, e outros, e mais outros. Um ano talvez em meses intercalados. Ali
eu habitava uma linda casa na praia do Tenório com o filho do dono da empresa.
Local lindo, mas a noite eu ficava lá com a lua, o mar, a praia até que meu hospedeiro
viesse do culto, que todas as noites frequentava em uma Igreja.
Aos poucos fui aproximando-me daquela pessoal religioso.
Existiam núcleos e eu frequentava um deles. O pastor era ótima pessoa, simples,
de cultura mediana e, enfim, todos eram bons. Chamavam-se irmãos.
Começavam a preparar uma espécie de congresso para os
praticantes do culto religioso. Três dias. E eu, envolvido naquilo tudo com
funções muito simples, pois não entendia nada.
HOMEM GRITANDO
Encurtando.
Eram
dois os pregadores. Um calmo, pacifista, de voz aveludada, paulistano. O outro
era um carioca, hiperativo, passava de um a
lado a outro do palco de pregação gritando, ameaçando o fogo do inferno,
praticamente aos pulos e, quando parava, pulava muito alto e gritava mais alto.
No fim ou no meio desta pregação, algumas pessoas começaram a chorar, a rolar
no chão como uma espécie de ataque epiléptico. Caiam um aqui, outro ali
generalizadamente, enquanto os auxiliares, que já sabiam destes desmaios, acudiam
os caídos. Na verdade foi um pandemônio de berros, gemidos, choros e palavras
desconexas e até mordidas.
Sai correndo. Fui embora para um hotel no centro e não
voltei para a casa do amigo na praia do Tenório.
Até hoje não entendi nada.
AMIGÁVEL DISCUSSÃO DE CONVERSÃO
De outra feita uma pessoa
amiga, esclarecida, articulada, realmente dono de uma das empresas aéreas deste
país, fez-me a corte por todo os meios para adentrar e converter-me a Igreja que,
aliás, ele fez três para os fieis. Belas construções. Ao final, após meses da
tentativa de conversão, ele contou-me discretamente que a esposa dele
mentalmente obturava dentes de um dia para outro. E, ainda, idiota que fui, perguntei: “Mas
obturações a ouro ?” Ele confirmou.
Fanático ou doido ?
Bem !
Nunca mais voltei ao assunto e afastei-me do bom amigo.
Obvio que muitas religiões existem que são sérias, fazem
realmente milagres, crescem e tem milhares de fieis neste mundão de Deus.
Aqui apenas testemunhei dois fatos de que fui co-participante.
Pensem como julgarem.
Eu não entendo nada, mas sei que muitos safados existem
que exploram a boa fé do povo.
Boa terça.
Abraços.
J. R. M. Garcia.