Fui sim. Duas vezes. Sou brasileiro e, em um país que registra 56.000
assassinatos por ano, tive minha vez. Mas assaltado à tapa, é a primeira vez.
Agora me perguntam aqui, qual das duas emoções são mais fortes.
Naturalmente os tiros.
Primeiro foram dois. Depois o local era ermo, noite escura, na
estrada, em um local desprovido de qualquer assistência e, de mais a mais, Deus
quis que conseguisse fugir. E a fuga foi desesperada meeesmooo.
Para dizer verdade -e sei que não acreditam- sofri um infarto ainda
nesta noite do tiroteio, em um acampamento de empreiteira na estrada. Sem
qualquer assistência, senão Deus.
No caso, este curto lapso de furto aqui em Belém, é apenas uma
apropriação famélica. Eu, na conjuntura dos dois rapazes, faria a mesma coisa.
Lá, entre Araxá e Uberaba, naquele triste deserto, queriam
realmente matar-me para levar a D-20 nova. Eu não tinha a menor chance. Ou
fugia ou ia ser morto, para esconder a identificação dos bandidos.
Aqui simplesmente assustaram-me e tomaram-me uma pizza média.
Quem toma pizza dos outros está com fome, ora. Se pedissem eu não
lhes daria. Logo, tomaram-me à força.
Quem não faria isso?
Quem disser que não faria, nunca teve fome real ou não se
conhece bem.
Respondido, amigos?
E Viva a Copa!
Isso de fome, assaltos, assassinatos não nos interessa.
Abração.
J. R. M. Garcia.