segunda-feira, 27 de junho de 2016

CRÔNICAS E CONTOS ( Borges e Garcia)

CRÔNICAS E CONTOS ( Borges e Garcia)

BRASIL  CABOCLO

Note-se na foto em uma palafita, miserável, mas junto uma antena de televisão apontando o céu, onde nem em cem anos chegaremos como civilização. 

É evidente que o Brasil é um país em formação.
Resumindo a história, pois isso é apenas um Blog.
Acontecendo a independência, a libertação dos escravos (último país do mundo a revogar tal lei), ficamos sem saber qual destino tomar. Seria a república? República confederada ou federativa? Presidencialismo ou parlamentarismo? E afinal, inspirado pelos EUA optamos por uma cópia mal feita da constituição norte-americana.
Inculto e sem nada conhecer sobre ideias e organizações políticas, tudo ficou a decidir pelas antigas cortes no Rio de Janeiro, agora travestidos de deputados, cidade muito mais própria ao turismo do que a égide do trabalho sério. Afinal, não tivemos liderança alguma, seja em uma ou em outra situação. Nem um expoente intelectual ou político.
Não tendo aviação, deputados eleitos lá nos fundões da nação nem sequer tomaram posse. Nem a viagem os inspirava.         A expressão da vontade do país embasou-se por este período nos coronéis (proprietários de terras) e nos cartórios, chefiados por líderes urbanos. E na verdade  é uma realidade até hoje.
E os muito pobres nada tinham, e os muito ricos, coronéis ignorantes, forçavam a escravatura de nosso povo nos cafezais que nem eles mesmo compreendiam, mas geravam a riqueza do país para alguns poucos, os quais a aproveitavam. Assim foi a época do cacau, da borracha extrativista nas florestas e, por fim, o café.
Aqui a expressão cultural que manifestávamos eram em casas suntuosas na avenida Paulista, nos teatros de Manaus, de Belém e nenhuma atenção a estradas, a navegação costeira com mais de 8.000 km. à disposição. O óbvio escapava de nossas mãos sem nenhuma atenção. Perdulária e preguiçosa era nossa falsa elite. Quando muito mandava seus filhos para estudar direito na faculdade de Coimbra e nada mais.
E assim, nesta toada, chegamos a esta época de agora sem nenhuma estrada de férreo transcontinental que cruzasse o Brasil, com cidades mal planejadas, sem nenhum serviço sanitário, em atraso enorme entre as nações de nosso porte físico no globo.
Não temos indústrias, não temos sequer um operariado preparado para ocupar funções no mundo moderno.
Este é nosso estado atual.
Continuaremos um amontoado de gente, (duzentos milhões), sem uma Constituição definitiva, embasado na mesma ideia dos cartórios, sem um plano de metas para um rumo qualquer onde iriam nossos ideais.
Somos, assim, uma nação de caboclos sem rumo e sem destinos, almejando os países europeus, tal qual fomos sempre. Sem inspiração própria e digo mesmo, sem auto respeito. 
J. R. M. Garcia.