CRÔNICAS E CONTOS ( Borges e Garcia)
BRASIL CABOCLO
Note-se na foto em uma palafita, miserável, mas junto uma antena de televisão apontando o céu, onde nem em cem anos chegaremos como civilização.
É evidente que o Brasil é um país em formação.
Resumindo a história, pois isso é apenas um Blog.
Acontecendo a independência, a libertação dos
escravos (último país do mundo a revogar tal lei), ficamos sem saber qual
destino tomar. Seria a república? República confederada ou federativa?
Presidencialismo ou parlamentarismo? E afinal, inspirado pelos EUA optamos por
uma cópia mal feita da constituição norte-americana.
Inculto e sem nada conhecer sobre ideias e
organizações políticas, tudo ficou a decidir pelas antigas cortes no Rio de
Janeiro, agora travestidos de deputados, cidade muito mais própria ao turismo do
que a égide do trabalho sério. Afinal, não tivemos liderança alguma, seja em
uma ou em outra situação. Nem um expoente intelectual ou político.
Não tendo aviação, deputados eleitos lá nos fundões
da nação nem sequer tomaram posse. Nem a viagem os inspirava. A expressão da vontade do país embasou-se por este
período nos coronéis (proprietários de terras) e nos cartórios, chefiados por
líderes urbanos. E na verdade é uma
realidade até hoje.
E os muito pobres nada tinham, e os muito ricos,
coronéis ignorantes, forçavam a escravatura de nosso povo nos cafezais que nem
eles mesmo compreendiam, mas geravam a riqueza do país para alguns poucos, os
quais a aproveitavam. Assim foi a época do cacau, da borracha extrativista nas
florestas e, por fim, o café.
Aqui a expressão cultural que manifestávamos eram em
casas suntuosas na avenida Paulista, nos teatros de Manaus, de Belém e nenhuma
atenção a estradas, a navegação costeira com mais de 8.000 km. à disposição. O
óbvio escapava de nossas mãos sem nenhuma atenção. Perdulária e preguiçosa era
nossa falsa elite. Quando muito mandava seus filhos para estudar direito na
faculdade de Coimbra e nada mais.
E
assim, nesta toada, chegamos a esta época de agora sem nenhuma estrada de
férreo transcontinental que cruzasse o Brasil, com cidades mal planejadas, sem
nenhum serviço sanitário, em atraso enorme entre as nações de nosso porte físico
no globo.
Não temos indústrias, não temos sequer um operariado
preparado para ocupar funções no mundo moderno.
Este é nosso estado atual.
Continuaremos um amontoado de gente, (duzentos
milhões), sem uma Constituição definitiva, embasado na mesma ideia dos
cartórios, sem um plano de metas para um rumo qualquer onde iriam nossos
ideais.
Somos, assim, uma nação de caboclos sem rumo e sem
destinos, almejando os países europeus, tal qual fomos sempre. Sem inspiração
própria e digo mesmo, sem auto respeito.
J. R. M. Garcia.