DESEMBARQUE NO AEROPORTO DE CONGONHAS
Eu lembro muito bem deste tempo no antigo Congonhas.
Estou velho demais.
Entendem ? !
A mim -eu penso- estou em compasso de despedida. Cada foto, cada
lembrança de outros tempos, cada cena que me vem à memória, tudo me recorda o
ontem. E este ontem, por mais que eu tente, ele vai se afastando rapidamente. Nada
resolve pensar o que foi, pois ele é inquestionável.
Mas...a gente pensa mesmo assim.
Aí nesta foto, hoje, está tudo mudado. Tem uma passarela e já não se toma
táxi neste ponto. Antigamente não só se estacionava logo à frente, como também
se pegava táxi ainda.
O saguão, na foto abaixo, é igualzinho onde eu tomava um cafezinho, acendia
um cigarro e ia a uma portinha ao lado no térreo, tomar os "bandeirantezinhos". Não
existia “finger”.
SAGUÃO DO AEROPORTO DE CONGONHAS
Tão antigo tudo. Tão acanhado. Era um mundo que ainda iria nascer, o
qual, por ora, é este que vocês veem.
Voar, mesmo em voos nacionais, era coisa para pouca gente. Os voos eram raros. E eu vivia esta “raridade” em uma advocacia por todo país.
Era bom ?
Ah ! Isso não sei. Existia sim muita esperança, muito desejar e pouco a
colher.
Enfim. É uma vida comum de todos nós.
Se o tempo acrescenta, ele também
nos toma quase tudo. Com sorte ainda tenho, parece, tempo de ir despedindo de
forma lenta. Penso que é um privilégio. O certo é que, para mim, sempre senti o
tempo como uma eternidade. Agora está perto quando tenho que ir e, assim, não
tenho, curiosamente, a pressa que antigamente tinha.
Estranho este fato! Ao despedir-me não tenho pressa e ao cumprimentar a
vida, antigamente, parecia sempre apressado.
Deste modo, sempre que vejo fotos de um passado cada dia mais remoto,
lembro-me de, reverentemente, despedir-me deste tempo que foi.
Real sim, mas
agora será o passado.
Tenham uma ótima tarde.
Abraços, amigas(os).
J. R. M. Garcia.