sábado, 16 de fevereiro de 2013

=NOITE ESCURA=


NOITE         ESCURA

I

Noite escura leva o sol à se pôr.
Noite escura vem destruindo a luz.
Noite escura surge levando no tempo a vida em fulgor.
Noite escura me levará deixando uma pequena cruz.

II

Lá, à distância, perdido no horizonte, ribomba trovões.
Aqui, quieto, só, sentindo, pensando e vendo, ouve minha alma ecos do passado.
Adiante, no tempo, o futuro incerto aguarda poucas aspirações.
E o silêncio, é o companheiro inevitável destas horas travadas. 

III

A chuva chegou, cai em gotas grossas já dentro da escuridão.
Insone, minha alma senão a si mesma vê.
E, ao se olhar, senão tristes folhas rolando nas calçadas vazias, estão de prontidão. 
O que existe, o que é, o que sou o que fui deixa apenas lembrança do que não se crê.

IV

Vá noite !
Segue seu destino.
O meu, qual o seu, é açoite.
 Fica, do nada, pelo nada, no nada, este triste hino.


                              J. R. M. Garcia