NOITE ESCURA
I
Noite escura leva o sol à se
pôr.
Noite escura vem destruindo a
luz.
Noite escura surge levando no
tempo a vida em fulgor.
Noite escura me levará deixando
uma pequena cruz.
II
Lá, à distância, perdido no
horizonte, ribomba trovões.
Aqui, quieto, só, sentindo,
pensando e vendo, ouve minha alma ecos do passado.
Adiante, no tempo, o futuro
incerto aguarda poucas aspirações.
E o silêncio, é o companheiro
inevitável destas horas travadas.
III
A chuva chegou, cai em gotas
grossas já dentro da escuridão.
Insone, minha alma senão a si
mesma vê.
E, ao se olhar, senão tristes
folhas rolando nas calçadas vazias, estão de prontidão.
O que existe, o que é, o que
sou o que fui deixa apenas lembrança do que não se crê.
IV
Vá noite !
Segue seu destino.
O meu, qual o seu, é açoite.
Fica, do nada, pelo nada, no nada, este triste
hino.
J.
R. M. Garcia