Hoje, logo ao levantar, uma
pessoa mostrou-me a frase de um texto a título de abertura no prefacio de uma
obra.
Li. Dizia mais ou menos
assim: “Que a primeira voz que alguém ouve ao nascer, é a de sua mãe...”
Fiquei assim meio calado.
Não achei verdade no texto. Dúbio pelo menos era. Nada expressivo...Sempre tive
a impressão de que alguém ao nascer, 
ouvisse muitas vozes, gritos, sons estranhos e até correria. 
Mas a pessoa insistiu: “O
que desejo dizer, é que essa voz é a voz da pátria...”
Bem. Aí calei-me. Porque a
ausência deste Brasil faz bem a todos nós. 
E ainda respondi: “Quem
está indo embora é ele. Não gosta do Brasil.”
A resposta desta pessoa
veio sem nem pensar: “Conversar com louco não adianta...”
Isso levou-me a memória há
muitos, muitos anos passados. Quase na minha infância. Aliás de má memória,
pois ajudou a matar meu pai. 
Na ocasião Moacyr Franco
lançou uma música de carnaval que se intitulava “Oi!  Me dá um dinheiro aí.” Foi sucesso. A piada,
tolinha, era assim. O cidadão chegava perto de outra pessoa e perguntava: “Se
você se visse em uma condição de pobreza e fome extrema, você roubaria ou
pediria esmola?”
Logo a pessoa responderia
imediatamente: “Pedia esmola....” E o indagador responderia, estendendo a mão,
diria: “Oi, me dá um dinheiro aí?”
E eu respondi: “Roubava...”
Ao que a pessoa acrescentou
com certa raiva: “Com você não dá para fazer piadas. É louco.”
Bem. Mil anos depois
chamam-me de louco outra vez logo ao levantar. 
Mas pensando bem, será que
sou louco mesmo ?
Bom feriadão.
J. R. M. Garcia. 
