sábado, 25 de abril de 2015

= UM DIA DE CIRCO =



         Faz dois anos.
       Perto aqui de casa, em uma área na frente do estádio de futebol, aportou um “circo de Moscou”. Parece que todos os circos são de Moscou.
         Este era.
     Não seus artistas. Não eram russos. A maioria brasileiros “enrolando a língua” para parecerem estrangeiros.
         Passei durante uma semana na frente.
         Circos sempre me encantaram.
         Acho mágico.
         Não só o espetáculo em si.
         O fato de ficar sob uma lona, entrar em um ambiente que isola o mundo lá fora, aguardar o começo do show, ver as luzes apagarem-se e surgir o apresentador, invariavelmente com voz retumbante, toda esta transição, do claro ao escuro, sempre me trouxe um sentimento único.
         Bem, como ia dizendo, após uma semana “rodeando” o circo todos os dias, resolvi ir ao espetáculo.
         Era uma quarta feira, lembro bem.
         Fui devagar, caminhando, até a entrada.
         Não tinha muita gente. Na verdade, pouca.
     Comprei o ingresso sem problemas. A bilheteira era uma mocinha simpática e alegre.
      Antes de entrar propriamente fiquei observando o “acampamento” em volta do circo. Alguns furgões e trailers. Um varal ao vento. Uma criança correndo. Um mundo à parte, pensei. Sempre me encantou o artista circense, rodando o mundo e apresentando sua arte.
         Fui para a primeira entrada. Era uma espécie de “hall”, uma mini lona.
     Ali tinham barracas com algumas comidas típicas e lembranças: cachorro quente (que adoro), algodão doce, pipoca, maçã do amor, barraquinha com ursinhos e coisas assim.
        Um cachorro quente e uma pipoca depois me acomodei na cadeira.
         O circo era simples mas a lona estava em bom estado.
       O palco não era tão grande mas não poderia dizer que era pequeno.
         Tinha uma música alta, alegre, dominando o ambiente.
         Fiquei observando as pessoas chegarem.
         Uma mãe e um pai novinhos, com seu filho de dois anos.
         Um “rolo” sem fim para o menino comer uma maça do amor que era quase maior que ele. Tinha uma pontada de saudades.
         Mais atrás sentou um avó com dois netinhos. Comportados e a avó feliz com eles.
         Uma outra família com papai, mamãe, uma menininha bem novinha e uma (supus) irmã adolescente, muito contrariada de estar ali com os pais e a irmã. Não largava o celular. Compreensível. Queremos tanto quando somos jovens abandonar a juventude para, depois, ficarmos suspirando por esta idade perdida em nossas lembranças.
         Um casal sem filhos. Muito amorosos, muito contentes.
         Todos sentaram-se.
     O sistema de som anunciou, para os que ainda estavam nas barraquinhas, que o show iria começar em 5 minutos.
         Não pude deixar de sentir a mesma emoção que senti na primeira vez que fui a um circo.
         O rufar de tambores, o apagar das luzes, tudo soou como se dentro de meu coração com emoção crescente.
     O apresentador, em um smoking impecável e um tanto aberrante, entrou.
         Anunciou o espetáculo.
   A primeira atração era do palhaço. Justamente desmentindo o apresentador.
         O número de mágica, os malabares, o globo da morte.
         E por aí fui conduzido, por duas horas, a este mundo da fantasia.
         Fui embora com o coração leve.
         Eis que nesta semana o mesmo circo voltou.
       Daqui de casa ouço os números em sucessão. Um após o outro. Acho que nestes dois anos poucas modificações houveram.
         O circo voltou.

         Vamos ao circo. 
(COLABORAÇÃO DE UM LEITOR AMIGO)