O VALOR DE UM
INCENTIVO
Um menino, com um breve poeminha à mão, entrou correndo pela
porta do quarto dos pais, ansioso para que o lessem.
Encontrou os pais numa discussão acirrada a respeito de um
tema que desconhecia.
À maneira que só as crianças conseguem fazer, ficou ali, ao
lado, quase invisível, tentando ser escutado.
Pai, mãe, olha o que escrevi!
Repetiu esse acalanto algumas vezes, falando cada vez mais
alto, tornando a balbúrdia no aposento quase insuportável.
Ninguém se entendia e todos queriam ser ouvidos.
Repentinamente, o pai, já sem paciência, tomou a folha de
papel das mãos do filho, amassou com força e disse: Já não expliquei que agora
não posso!?
Atirou o papelote na lixeira mais próxima, o que deixou o
filho sem chão e repleto de lágrimas.
Mais tarde, a mãe, que não havia ficado satisfeita com a
cena presenciada e se enchia de compaixão, procurou o menino.
Ela carregava na mão esquerda uma folha de papel enrugada.
Tinha a expressão emocionada e condoída.
Filho... Foi você quem escreveu este poema?
O menino, que ainda estava cabisbaixo, apenas acenou com a
cabeça que sim.
Que coisa mais linda! Você é um poeta, meu filho! Você é um
poeta! - E abraçou, carinhosamente, a criança.
A partir daquele dia, diz a história desse menino, ele
resolveu definitivamente ser poeta.
O relato é do próprio autor que conta que, se não fosse pela
destreza e tato de sua mãe, possivelmente não se dedicaria à poesia.
Assim, graças à sensibilidade daquela mulher, o mundo pôde
conhecer a arte e inspiração de Pablo Neruda.
Um ótimo final de semana!
J. R. M. Garcia