Se Freud afirmou que “o homem é uma ilha de consciência em um
oceano de inconsciência”, Jung, avançando mais, em um instante de inigualável “insight”
, diz: “O homem apenas vive o inconsciente e o faz através da consciência.” Ou
seja: Somos a racionalização do inconsciente e pouco mais que isso. O que
equivale dizer, nós vivemos uma vida inconsciente e nosso contato com a
realidade não se dá através de nossos esforços e tratos da razão, mas sim esta
adapta-se ao mundo que vivemos externamente, explicando um pouco dele a nós.
Complicada a idéia?
É. De fato não é
simples.
A família de C. G.
Jung, depois de décadas permitiu que se publicasse o Livro Vermelho, ou Liber
Novus, o qual tinha recomendação expressa de que somente autorizasse a
publicação quarenta anos após sua morte. Sem nenhuma presunção, arrisco dizer que
poucos entenderam este livro e por muito tempo não o entenderão.
É um livro antigo,
mas carregado de surpresas inteiramente novas frente a Psiquiatria e Psicologia
analítica. E, se fosse publicado antes, sequer encontrariam editoras para
fazê-lo, mesmo com o renomado nome de Jung, creio eu.
Neste livro, entre
as milhares de sugestões que Jung faz, ele sugere aos pacientes a “induzir
visões em estado de vigília” tentando vê-las e com elas relacionar-se. A idéia
parece insana, mas não o é, já que busca exatamente na inconsciência, onde
pretende achar a consciência dos atos de si mesmo e de seus pacientes.
Ele não contenta
somente com a afirmação de Freud, de que "somos uma ilha de consciência...etc.” Ele busca, isso sim, mergulhar
neste oceano de inconsciência, tentando dele tirar imagens legíveis, já que
somente a razão lida com pensamentos lógicos. Ele quer tirar de mundos
insondáveis, existentes no fundo obscuro de nossas almas, as razões de nossas
ações.
Para um Blog o
assunto é extenso, mas voltarei com ele se vocês gostarem.
Tenham um abençoado
fim de semana curtindo a vitória do Brasil.
Abraços.
J. R. M. Garcia.