sexta-feira, 4 de julho de 2014

= MUNDOS INSONDÁVEIS =




      Se Freud afirmou que “o homem é uma ilha de consciência em um oceano de inconsciência”, Jung, avançando mais, em um instante de inigualável “insight” , diz: “O homem apenas vive o inconsciente e o faz através da consciência.” Ou seja: Somos a racionalização do inconsciente e pouco mais que isso. O que equivale dizer, nós vivemos uma vida inconsciente e nosso contato com a realidade não se dá através de nossos esforços e tratos da razão, mas sim esta adapta-se ao mundo que vivemos externamente, explicando um pouco dele a nós.
       Complicada a idéia?
       É. De fato não é simples.
      A família de C. G. Jung, depois de décadas permitiu que se publicasse o Livro Vermelho, ou Liber Novus, o qual tinha recomendação expressa de que somente autorizasse a publicação quarenta anos após sua morte. Sem nenhuma presunção, arrisco dizer que poucos entenderam este livro e por muito tempo não o entenderão.
    É um livro antigo, mas carregado de surpresas inteiramente novas frente a Psiquiatria e Psicologia analítica. E, se fosse publicado antes, sequer encontrariam editoras para fazê-lo, mesmo com o renomado nome de Jung, creio eu.
    Neste livro, entre as milhares de sugestões que Jung faz, ele sugere aos pacientes a “induzir visões em estado de vigília” tentando vê-las e com elas relacionar-se. A idéia parece insana, mas não o é, já que busca exatamente na inconsciência, onde pretende achar a consciência dos atos de si mesmo e de seus pacientes.
    Ele não contenta somente com a afirmação de Freud, de que "somos uma ilha de consciência...etc.” Ele busca, isso sim, mergulhar neste oceano de inconsciência, tentando dele tirar imagens legíveis, já que somente a razão lida com pensamentos lógicos. Ele quer tirar de mundos insondáveis, existentes no fundo obscuro de nossas almas, as razões de nossas ações.
       Para um Blog o assunto é extenso, mas voltarei com ele se vocês gostarem.
       Tenham um abençoado fim de semana curtindo a vitória do Brasil.
       Abraços.
       J. R. M. Garcia.