Pode ser que seja de mau gosto, mas
na verdade não é.
Perdoem-me a franqueza. Não me
queiram mal.
Uma hora você
levanta cedo e sente que a manhã não é a mesma, que seu corpo longe está do que
foi, que ao erguer-se já não é o mesmo, que tudo está mais pesado do que era,
que suas faces não tem mais o viço de outrora, que seu ânimo na verdade passa
apenas de fantasias que não sustentam bem seu vão entusiasmo.
Triste isso?
Por quê?
Porquê em passado
ido você viveu em plenitude a imensidão do tempo que teve e, assim, jogou na
roleta da vida, tudo que tinha direito?
Perdeu, ganhou,
chorou, sorriu, usou de suas fantasias e emoções até o quantum necessário à sua
vida?
Ora!
Ao contrário. Imagino
que o limite de sua auto-consciência está saudavelmente apontando-lhe seu tempo agora. Esta é sua realidade. É o
seu momento hoje. Esta pode ou não ser ou não o que chamam hoje de “zona de
conforto”. Mas, se deixa a vida fluir com a natureza do próprio ser, esta é a
sua vida. Ela está aos poucos, no deslizar do tempo, completando-se em você
como completou em todo seu passado, se assim você se permitiu.
Amiga(o). Não impeça a vida de se cumprir em você. Não a
resista. Não brigue com ela. Não a segure com a força do desespero. Tenha-a com
o mesmo carinho com que seguraria delicada e carinhosamente um pássaro no aconchego
de suas mãos. E se esta ave, delicada, carinhosa, cheia de amor quiser ir,
deixe que vá livre, solta, cheia de amor pelo espaço afora.
Fique alegre, mantenha o riso em seus
lábios, pois teve em si a vida para amar, odiar, desejar, ir e vir. Entenda que
esta bênção tem um fim e que, agora, é o instante necessário a que esta ave se
vá.
Com muito amor.
J. R. M. Garcia.