Demais.
Não só, mas também muita transformação.
Se uma pessoa passar horas sem ligar a televisão, já vê que a vacina que usou na manhã está desacreditada no período da tarde e, a noite, já a mesma vacina está atualizada e é útil. Se liga o computador vem o resumo de todo histórico: a vacina que de manhã era desacreditada foi, após o meio dia, revalidada como boa, mas agora a noite foi novamente considerada imprópria para o uso.
Afinal, a vítima fica pensativa se a noite tudo voltará a normalidade. Ouve o rádio, na esperança de que tenha tenha tomado a vacina certa. Nada porém, o assunto não estava mais em pauta. Na TV, a matéria já não mais estava também em pauta no noticiário. E o infeliz fica sem saber nada. Na manhã seguinte procurou saber em um posto de vacinação, mas já os funcionários não eram os mesmos e o boleto que lhe haviam fornecido quanto foi vacinado estava com outros funcionários em um local da periferia. A vítima deslocou-se no metrô, pois era longe demais e ele não mais sabia o endereço correto. Passou a manhã e a tarde nestas buscas, até que contraiu a doença no metrô, vindo a falecer semana passada.
Um infeliz foi esperar no Galeão a filha, que tinha mais de dois anos não se viam. Deu-se que o trajeto era noturno. A Prefeitura desviara o tráfego com aquelas placas que ninguém entende. "Rodou" tanto que foi parar em uma favela. Lá foi morto a tijoladas sem nunca ter visto a filha.
Tudo erro de informação. Informação errada conduziu a criatura até o logradouro perigosíssimo. O que custava o departamento de obras fixar uma placa enorme com os dizeres:
NÃO ENTRE.
MORTE CERTA.
Indaguei o Delegado sobre o assunto. Ele me disse que o departamento de turismo - ou coisa que o valha - proibira como um ato de segregação social.
Para uma sexta feira já é demais.
J. R. M. Garcia.