terça-feira, 1 de março de 2022

DA DOR AO RISO

 



DA DOR AO RISO

Um leitor, dos mais amáveis e leais que tenho, lançou-me uma espécie de desafio, sugerindo que, aqui traçasse na Crônica o conteúdo de uma pessoa que, incrivelmente, sentisse tristeza e alegria simultaneamente.

       Desde que li sua sugestão, comecei a pensar objetivamente em Chaplin, o maior dos maiores cômicos do mundo. 

       Conclusão: Nesta questão somente podia narrar algumas experiências pessoais. Não adiantava procurar exemplos, porquanto procurar em outros o sentido íntimo do sentir, eu não conseguiria validar realmente a disposição íntima da pessoa.

       Exemplo: 

       Saindo daquele aparelho que “entuba” o paciente amarrado pelos braços e pernas, como se fosse um sepultamento em vida, o dito cujo manteve-me uns vinte minutos para atravessar o trajeto. Não sei se eles tentaram matar-me em nome desta agora esquecida pela Imprensa sobre a Pandemia. 

       Mas este assunto aqui é outro. Voltemos ao tema aqui. 

       Voltemos.

       Saí do hospital amparado no ombro de meu genro, que a custo me levava com as pernas bambas.

    1. Quando chegamos a caminhonete ele tentou fazer-me grimpar agarrando pela cabine. Escorreguei de suas mãos ao ser empurrado pela bunda e esparramei na calçada, já em aberto desconforto e sentindo dores excruciantes. Ele deu um urro mais forte, cerrou os dentes e jogou-me para dentro de qualquer jeito.

       Era preciso que vocês vissem a expressão de desespero dele com raiva: lábios cingidos, dentes raivosos como o dê um cão desesperado ou um urso louco. 

       Está aí, à distância de uma mão, o que resultou. 

Eu gargalhava de seu desespero aflito e chorava de dor.

       As emoções somavam-se.

       Abração a todos e muito obrigado pela sugestão. 

    2. J. R . M. Garcia.