DA DOR AO RISO
Um leitor, dos mais amáveis e leais que tenho, lançou-me uma espécie de desafio, sugerindo que, aqui traçasse na Crônica o conteúdo de uma pessoa que, incrivelmente, sentisse tristeza e alegria simultaneamente.
Desde que li sua sugestão, comecei a pensar objetivamente em Chaplin, o maior dos maiores cômicos do mundo.
Conclusão: Nesta questão somente podia narrar algumas experiências pessoais. Não adiantava procurar exemplos, porquanto procurar em outros o sentido íntimo do sentir, eu não conseguiria validar realmente a disposição íntima da pessoa.
Exemplo:
Saindo daquele aparelho que “entuba” o paciente amarrado pelos braços e pernas, como se fosse um sepultamento em vida, o dito cujo manteve-me uns vinte minutos para atravessar o trajeto. Não sei se eles tentaram matar-me em nome desta agora esquecida pela Imprensa sobre a Pandemia.
Mas este assunto aqui é outro. Voltemos ao tema aqui.
Voltemos.
Saí do hospital amparado no ombro de meu genro, que a custo me levava com as pernas bambas.
1. Quando chegamos a caminhonete ele tentou fazer-me grimpar agarrando pela cabine. Escorreguei de suas mãos ao ser empurrado pela bunda e esparramei na calçada, já em aberto desconforto e sentindo dores excruciantes. Ele deu um urro mais forte, cerrou os dentes e jogou-me para dentro de qualquer jeito.
Era preciso que vocês vissem a expressão de desespero dele com raiva: lábios cingidos, dentes raivosos como o dê um cão desesperado ou um urso louco.
Está aí, à distância de uma mão, o que resultou.
Eu gargalhava de seu desespero aflito e chorava de dor.
As emoções somavam-se.
Abração a todos e muito obrigado pela sugestão.
2. J. R . M. Garcia.