Pacífico
Garcia, já lhes apresentei na crônica anterior, foi meu tio avô.
Vocês sabem como ele era. Não casou, não
teve filhos, bebia, fumava, dava tiros, fazia poesias, namorador, muito curioso,
inteligente, bem humorado, era oficial de justiça “ad hoc”, pessoa sem teto e
que nunca quis teto. Ótimo cavaleiro de longas caminhadas pelo sertão destes
brasis. Morreu dormindo em provecta
idade.
Tenho certeza que se encontrasse Diógenes,
o grego, teria críticas a fazer ao mítico filósofo. Pacífico acharia Diógenes
muito careta e enquadrado. Se desta forma não visse o velho grego, opinaria que
ele era sem humor.
Aqui pensando. Como veria o Brasil atual, uma
pessoa como meu tio?
Pacífico nunca seria vítima do meio. Ele
sempre pautou pela imersão no meio, mas, por dúvida, diria assim: “Somente
coloco meu chapéu onde posso alcançar.”
E, com um em leve balançar de ombros, deixaria
o ambiente tal qual estava e seguiria seu destino.
Se lhe perguntassem qual o seu destino,
ele responderia que “nunca teve destino, apenas caminhava".
Mas iria para onde?
Para lugar algum. Contentava com a vida em
si mesma e com o quê ela lhe desse.
Isso era o bastante.
Simples assim.
Ainda voltaremos a falar aqui de Tio
Pacífico.
Tenham um fim de semana maravilhoso.
Abraços gerais.
J. R. M. Garcia.