segunda-feira, 16 de maio de 2022

PACIÊNCIA! - (CRÔNICAS E CONTOS)

 


Paciência !  Paciência !  Paciência !

Muita paciência.

Sem isso, o “paciente” deixa de sê-lo para tornar-se “indecente”. Ou seja. Você se tornará sem decência. E assim não será bom.

Eu bem me lembro que, quando você nasceu, faltou-lhe ar para os pulmões e o médico teve de colocá-lo em um aparelho para auxiliar sua respiração. Quando ele saiu destes procedimentos, eu, desavisado e muito ignorante, atalhei-lhe a saída para que não saísse do recinto. Já era hora avançada na noite. Ele, com desusada energia, disse-me: “Tudo está bem com os procedimentos ambulatoriais já tomados. Agora eu preciso ir para dormir um pouco e, amanhã, estar no horário certo para atender inclusive seu filho e os demais pacientes.” Depois vem o caso do Casec-Nidex. Neurose ou não, isso dominou minha memória por mais de ano. Era uma formula de leite importado, bem como açúcar.

Quando falo em paciência, não estou necessariamente a dizer que seja paciente com terceiros. Não. Quero dizer também, paciência para consigo mesmo.  Autoindulgência não. Mas sim ser paciente para consigo próprio. Por quê?

Simples. Sem antes curar a alma não se cura o corpo.

Os romanos estão errados. Não se trata de “corpus sani in esprirus sani”. Toda doença começa na alma. Quanto a curar a alma, acho que cada um descobrirá o mau do espírito ou não. Se não descobrir e não curar o dando praticado em seu espírito, ele perecerá juntamente com o corpo. No caso de curar a alma não terá mais ansiedade nem angústia - esses grandes vilões do espírito - e perecerá com serenidade até que seu corpo, apascentado, repouse cheio de serenidade.

Aplicando esta ideia ao uso prático, resulta no exercício da resignação e capitulação.

É isso mesmo.

É preciso resignar-se as metas não conseguidas e a capitular-se as esses resultados.

Ao contrário a ansiedade e a angústia reinará em seu espírito e você cairá em várias doenças do sistema circulatório e outras muito mais complexas. Seus órgãos com menor fragilidade, amargarão em dores e problemas.

Outro dia vi um filme na Geografhic internacional. Verídico, como a maioria dos que ali se publicam. Era a história de um homem que criou dois ursos, órfãos desde o nascimento. Cresceram e fizeram-se adultos e ele ali tratando-os dentro da jaula onde eram seus amigos. Mas ele sempre temeroso de que viesse a falecer e não só deixaria um problema como tendo impedido de que os ursos voltassem a floresta, seu meio natural.  Finalmente, embora pesaroso e, em lágrimas, resolve seguir a imposição racional e não emocional. Os dois ursos (agora enormes) teriam de voltar ao mato. Para tanto ele achou um capão de floresta com 4 hectares para adaptá-los ao bosque. E lá foi ele. Agora um velhinho frente ao tamanho e a exuberância dos ursos com quase três metros de altura e meia tonelada cada um. Na verdade, embora estivesse a “perder” os ursos, ele vibrava com cada gesto da selvageria. Uma vez quase que foi morto pelos ursos, esquecidos de que ele era apenas um homenzinho. Ao final não vi o fim desta história. Talvez tenha sido morto pelos ursos. Talvez não.

Na lição desta história vejo meu retrato buscando tornar os filhos independentes e separados de mim. Melhor seria para minha conveniência que meus filhos pudessem estar comigo agora no caminho para o fim da vida. Provavelmente não terei mais a saúde que tive e a solidão me aguarda. Mas mesmo assim tenho lutado pela por minha “resignação e capitulação”. Dei-lhes os meios e, agora, comigo ou sem eu caminhem.

Boa noite.

J. R. M. Garcia.