TÚNEL DO TEMPO
Uma ventania inesperada agitou o pó da rua. Todos os detritos por ali espalhados foram suspensos no ar. Um fragmento de jornal veio ao meu alcance, li rapidamente a manchete: Ônibus entra em casa humilde e mata. As tragédias se repetem. Nenhum órgão público providenciou algum impedimento para inibir a construção, em lugares sabidamente perigosos. Pessoas, sem outras opções, ocupam estes locais e acabam vítimas. Querendo mais detalhes, vi em uma dobra do jornal o complemento da manchete acima: Mata velhinha de 42 anos. Intrigado procurei indícios de datas, de quando seria o Jornal? Nada, somente o amarelado, sem data ou identificador do quando. Analisei, “uma velhinha de 42 anos”? Devia ser mesmo de outras eras. Como se eu estivesse em um túnel de tempos remotos. Nos dias atuais uma mulher de 42 anos é considerada uma jovem senhora ou senhorita, nunca uma velhinha. As medidas governamentais para os males continuam inexistentes. As mulheres é que mudaram muito. Conseguiram através do tempo a juventude prolongada indefinidamente. Jamais declinam suas reais idades. São unânimes em manter esse segredo, o que fazem bem, isso não é da conta de ninguém.
Autoria: Adriano Roberto Pelá
Um bom dia!
J. R. M. Garcia