quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

SAFADESA OU CANALHICE (CRÔNICAS E CONTOS)

 

    
                                    SAFADESA  OU  CANALHICE
            

                De uma maneira ou de outra, os dois atos comungam com cinismo. 
                A atitude dos políticos passam muito além da moral, da ética e dos bons costumes.                           Suas raízes aprofundam na própria cultura nacional: "eu minto que não estou vendo e você nega que também não está, logo todos não veem. "
                Raia a evidência inconsequente e burra, o que é visível a qualquer um.
                METRÔ
      "5,3 milhões de passageiros por dia (3,866 milhões-Linhas 1, 2, 3 e 15), 836 mil (Linha 4) e 622 mil (Linha 5)"
                Se o metrô transporta milhares de pessoas todos os dias agarradinhos uns aos outros, já que o transporte é coletivo e visível e, com chuva ou sol, esta é a condução, por que  fazermos fila de 2 metros equidistantes fora das plataformas ?
                Cegos.
                Eu não vejo, você não vê e, afinal, nenhum de nós vê.
                Você não comenta, eu não comento e nenhum de nós comentamos. 
                Mas enquanto o metrô transportar        "5,3 milhões de passageiros por dia " a pandemia continuará a existir e, pelo visto, o metrô é imprescindível. 
                Nossas "otoridades" de plantão proíbem a livre prática do comércio varejista, obrigam o uso de máscara até em pistas de atletismo, esvaziam campos de futebol, obrigam os religiosos a demarcarem frequentadores em distâncias pré - fixadas,  cinemas com lotação reduzida pelo meio e, no entretanto, escancaradas estão as portas do metrô em vagas de indivíduos já na manhãzinha, buscando seus postos de trabalho. Antes de chegarem a seus logradouros , passam pelo banho de baquetearias que de promíscuo falta pouco, colando seus corpos cansados.
                Quem não vê isso ? 
                Advoguei em São Paulo um certo tempo, onde tinha de chegar cedo no Tatuapé, até que encontrei um cômodo para alugar lá.  Nesse período eu pegava um metrô que vinha não sei de onde e via moças, senhoras, idosos dependurados e cochilando da madrugada de onde vinham.  Estavam sempre cansados. Ninguém ali queria este destino. Todos sofriam. 
                Mas ninguém via. 
                E agora fico aqui pensando quão triste é esta pena para os que ali estão e o que vemos. 
                Agora, em tempos de pandemias, tudo isso deve estar pior. A indagação destes corpos esfregando uns nos outros, muitos haverão de pensar: "Até quando haverei de escapar desta doença." 
                Muitos destes oram para sair desta maldita escravidão. Mas este é seu destino. Nunca sairão.  
                Safadeza ou Canalhice ?
                Amanhã iremos "sextar". Virei aqui com uma crônica mais leve. 
                Abração Amigos. 
        J. R. M. Garcia