terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

"SE NADA DER CERTO..." (CRÔNICAS E CONTOS)

 



PARA  PENSAR
É difícil conceber o sentido desta frase.
À primeira vista ela é extremamente contraditória. Sugere mesmo um paradigma verso reverso, como sói acontecer nas declarações sobre Economia, “Se nada der certo, eu continuo a fazer e falar exatamente o mesmo.”
Carlos Drummond de Andrade não era burro. Por que lavra assim este texto atemporal?
Estranho !
Em nosso imaginário pátrio (será que posso dizer assim?) há uma figura folclórica que sugere qualquer coisa contraditória e absurda, o curupira.  “Um dos mais populares e espantosos entes fantásticos das matas brasileiras. O curupira é representado por um anão, cabeleira rubra, pés ao inverso, calcanhares para a frente.”  Para maior espanto, "Curupira" e "currupira" procedem do tupi kuru'pir, que significa "o coberto de pústulas", ou seja, coberto  de chagas abertas e purulentas. Um triste ser abjeto. 
Esta figura mítica, comum ao ideário de nossos silvícolas no período de colonização, é tão bizarra que custa-nos imaginar. Leva-nos a mente algo horrível de pensar, de onde fugimos correndo.
Será que nosso poeta, pensador e gigantesco cronista pátrio, consciente ou inconscientemente, conseguiu ler-nos na alma o que não ousamos compreender e sequer vislumbrar?
Esta seria a tara na saga de nosso Destino?
Acredito que não.
Até mais amigas(os).
J. R. M. Garcia.